Da Editoria de Política do Jornal do Commercio Eduardo Campos completa esta semana 100 dias de gestão cobrando agilidade dos secretários e sendo cobrado pelas promessas de campanha.Nesses três meses de gestão, o governador está tentando imprimir a sua marca administrativa, convocando secretários e presidentes de empresas a “trocar a roda com o carro andando”, uma vez que a promessa de campanha foi instituir “um novo tempo” ao Estado.

Na prática, não houve tempo suficiente para, nesses 100 dias – serão completados na próxima terça-feira (10) –, mostrar resultados imediatos.

Mas o socialista sabe que precisa corresponder à expectativa da população.

Na primeira coletiva que concedeu depois de eleito, no final do segundo turno do ano passado, Eduardo admitiu que um de seus principais desafios é reduzir os índices de violência.

Logo que assumiu, em janeiro, anunciou a criação do Pacto pela Vida, um programa que objetiva instituir o primeiro plano estadual de segurança pública, com a participação da sociedade civil organizada.

No mês passado, foi a vez de criar mais 109 vagas de delegado especial na Polícia Civil, possibilitando que os delegados de primeira categoria possam ser promovidos para ocupar cargos de chefia na polícia.

As iniciativas ainda não surtiram o efeito desejado pela opinião pública.

Os números da criminalidade continuam alarmantes.

A Secretaria de Defesa Social registrou 892 homicídios nos dois primeiros meses do ano, o que significa um aumento de 13% em relação ao mesmo período de 2006.

Na Saúde, a ameaça de fechamento de hospitais públicos e conveniados ao SUS, a falta de remédios, superlotação, a morte de pacientes à espera de UTI e as dificuldades administrativas ofuscaram a promessa de ampliação da rede, um dos carros-chefes da campanha.

Embora receba críticas por ainda não ter mostrado grande diferencial em relação aos sucessores, teria obtido mérito ao evitar complicações maiores e estar aberto ao diálogo com entidades da área.

A própria equipe avalia que, nos primeiros 100 dias, a missão foi de apagar fogo.

Incêndio, por sinal, ainda não totalmente controlado, em função de grandes problemas a serem resolvidos, como o déficit de médicos e auxiliares, dificuldades na assistência especializada de cardiologia, tratamento de câncer, terapia intensiva, hemodiálise e emergências.

Espera-se para esta semana o anúncio de um plano de investimentos, que vai abranger apoio às prefeituras na assistência básica e reforma de grandes emergências.

Na educação, o ano começou com o problema de sempre: a falta de professores em sala de aula.

O Palácio chamou um pequeno grupo de docentes concursados e recorreu à prática dos governos anteriores – contratação de professores temporários.

Para mostrar que a gestão atual é mais democrática, criou uma comissão de seleção para nomear os gerentes de ensino da região metropolitana.

Também anunciou na semana passada a escolha do gerente para Caruaru.

A grande promessa de Eduardo ainda não saiu do papel, nenhuma medida foi anunciada para a educação profissional.

Nas finanças públicas, desde a eleição, o socialista levantou a bandeira do acesso da população à movimentação financeira.

Lançou então o Portal da Transparência, abrindo as contas do Estado na internet.

Anunciou também um pacote de medidas para economizar R$ 166 milhões em um ano.

Com bom trânsito no governo federal, Pernambuco foi bem contemplado na lista de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com verbas para saneamento, estradas, metrô e Suape.

CONTA DE LUZ A população, no entanto, aguarda para ver qual será o poder de influência do governo estadual na discussão sobre o aumento da tarifa de energia, programado para este mês.

Até porque um dos principais bordões da campanha foi a redução da conta de energia elétrica.

A Secretária da Fazenda já traçou diversos cenários e admite, inclusive, rever o contrato entre a Termopernambuco e a Celpe, o que, segundo os especialistas, pode baixar o índice de reajuste.

Na área de transporte, Eduardo tenta implantar o Consórcio de Transporte da Região Metropolitana, o que representa benefícios para o usuário, como a tarifa única, a ampliação da integração e mais investimentos no setor.

Esse modelo foi discutido pela gestão anterior por mais de três anos.

Para valorizar as manifestações culturais de Pernambuco, o governador recriou a Secretaria de Cultura, extinta há oito anos.

Mas ainda não há verba destinada à pasta.

Enquanto isso, a Fundarpe, ligada à Secretaria de Educação, está elaborando um plano cultural estruturador para definir metas de aplicação de verbas.

Politicamente, apesar de ter dito que os palanques já foram desmontados, Eduardo não deixa de criticar os ex-governadores Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), creditando aos adversários o fato de estar financeiramente “amarrado”.

Por conta do constante bate-boca, instituiu-se uma espécie de terceiro turno.

Sem fôlego para investir, o governador tratou de assegurar a parceria estratégica com o presidente Lula.

Os dois já mantiveram vários contatos no Distrito Federal, em Pernambuco e no Rio de Janeiro.

Para facilitar esse entendimento, o governador reestruturou o organograma do Estado, ampliando de 16 para 26 o número de secretarias, criando uma estrutura semelhante à do petista, sem, porém, originar novas despesas.

A relação com a Assembléia Legislativa também foi alterada.

Agora, os deputados estaduais se encontram uma vez por semana com Eduardo.