Embora cauteloso na questão da paternidade do projeto do Consórcio de Transportes da Região Metropolitana do Recife – cujo projeto de lei foi assinado, ontem, no Palácio das Princesas –, o governador Eduardo Campos (PSB) foi enfático ao demarcar a participação da gestão socialista na iniciativa. "Não estamos aqui para inventar a roda, nem para desconhecer um esforço feito por tantos e tantos, mas não estamos aqui para dizer que está tudo uma maravilha", discursou Eduardo, na solenidade de lançamento de mais uma tentativa de implantar um novo modelo de gestão do sistema de transporte público de passageiros do Grande Recife.

O consórcio vem sendo discutido desde 2003, na gestão Jarbas Vasconcelos, e chegou a tramitar na Assembléia Legislativa durante a administração do ex-governador Mendonça Filho (DEM).

Mas não avançou porque não conseguiu a adesão dos municípios da RMR, que reclamavam, à época, que as regras não eram claras e o percentual de participação deles no modelo proposto era mínimo.

Não foi à toa que, ontem, diante de uma platéia composta basicamente pelos prefeitos dos 14 municípios da RMR, Eduardo fez questão de ressaltar a "capacidade técnica e política" da sua equipe para "mediar" e que, agora, o projeto é um "jogo do ganha-ganha". "Isso só aconteceu porque negociamos e não nos colocamos como donos da verdade.

Colocamos com uma postura democrática", destacou o socialista, numa estocada nos antecessores.

No projeto repaginado pelo atual governo, que segue segunda-feira para a Assembléia e Câmara do Recife – o Estado abriu mão de 5% de sua participação no controle do sistema.

A Celpe Eduardo voltou a atacar, ontem, a gestão Jarbas/Mendonça na polêmica da Celpe e rebateu as críticas da oposição por não ter cumprido ainda a promessa de baixar as tarifas de energia elétrica no Estado. "Se dependesse só de nós, essa medida já teria sido tomada desde o dia 2 de janeiro.

Vocês viram o que houve durante o tempo em que a oposição governava.

Aumento de ICMS de energia e uma alíquota só para quem mora na mansão e na favela", afirmou.

Irritado com a pressão dos adversários, o governador voltou a questionar a venda da Celpe. "Colocaram a termopernambuco para fazer um self-dealing (vender energia para o mesmo grupo) durante cinco anos e pagando duas vezes o preço que valia.

Quem fez isso?

O pernambucano sabe.

Não precisa eu dizer.

O que isso resultou na conta de energia?

A população pagou 20% a mais.

Não imagino como um pernambucano que sabe disso tudo fica ouvindo essas pessoas (oposição) falarem".

PS: Depois de ler essa reportagem do pessoal de política, lembrei de Pedro Malan.

O ex-ministro da Fazenda, sempre que era cobrado por mais avanços na economia, mais ousadia, essas coisas que a oposição sempre cobra, dizia que nada dependia exclusivamente de um ato de vontade do governante.

Para a oposição, ele era na verdade um covarde, como se chama vulgarmente o sujeito desprovido da virtude da coragem.