Geddel retarda a transposição Da Editoria de Economia do JC Em visita nestar terça-feira à Bahia, Estado contrário ao projeto de transposição do rio São Francisco, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), disse que, antes do início das obras, pretende levar água para todas as comunidades que vivem às margens do rio, num projeto que deverá se chamar Água para Todos.

Em conversas com jornalistas, políticos e com o presidente nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Magela, Geddel disse que quer ouvir todos os que são contrários antes de começar a obra, o que pode atrasá-la ainda mais.

As licenças ambientais para o início das obras já foram concedidas.

O governo federal também já promoveu audiências públicas em todos os Estados atingidos pela obra.

Segundo a assessoria do ministro, Geddel já ligou até para o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, que em 2005 fez uma greve de fome para tentar impedir o projeto.

Com a concessão da licença para o início da obra pelo Ibama no mês passado, não há mais nenhum impedimento legal para a transposição começar.

O projeto é o principal investimento do governo federal no Nordeste, com previsão de custos de R$ 6,5 milhões.

Mais de 50 mil pessoas poderiam ser beneficiadas.

Com base política no interior da Bahia, o ministro quer evitar que a transposição lhe traga prejuízos eleitorais.

Para diminuir o desgaste, ele quer agradar aos possíveis prejudicados pela retirada da água, que são os que vivem nas duas margens do rio.

O ministro deverá apresentar amanhã ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a idéia do projeto Água para Todos, uma alusão ao Luz para Todos, um outro projeto federal, mas de instalação de energia elétrica.

Ele ainda não definiu se o acesso à água pelas comunidades ribeirinhas entrará no Projeto São Francisco (como é chamada a transposição) ou se será feito à parte, segundo sua assessoria.

No encontro com Lula, ele também deverá falar da necessidade de ampliar os debates com os setores contrários e pedir tempo para isso.

Um pouco antes de ser nomeado ministro, Geddel declarava ser contra o projeto.

Ao assumir, porém, disse que passou a defendê-lo por conhecer melhor suas propostas e que falta informação para que todos percebam como a obra será boa para o Nordeste.