A deputada Elina Carneiro (PSB) disse agora à noite à repórter Joana Rozowykwiat, do Jornal do Commercio, que apesar de todas as acusações que sua família vem enfrentando, continuará crescendo politicamente. "Meu pai (Newton Carneiro) será reeleito no próximo ano e Solange será vereadora", disse.
Solange, irmã de Elina, quer receber R$ 800 mil da Fundação Yapoatan, órgão do governo municipal, por conta de um acordo trabalhista classificado de fraudulento pelo Ministério Público do Trabalho. "Fico chateada com a Imprensa que não vê o que meu pai faz de bom na prefeitura de Jaboatão e o que eu estou fazendo na Assembléia", desabafou a deputada.
E fez um apelo, seguindo os passos do presidente Lula: "Deixa a família Carneiro trabalhar".
A deputada Elina Carneiro disse também que não conhece e nunca conversou com a ex-advogada da Fundação Yapoatan, Fernanda Campos Casado Lima, para combinar o acordo trabalhista entre a entidade e sua irmã Solange. "Ela (a advogada) vai ter que provar o que está dizendo", afirmou a deputada.
Elina adiantou que ainda nesta quarta, 4, entrará com ação por danos morais e materiais contra Fernanda Lima, além de pedir a cassação de seu registro na OAB.
A advogada contou à promotora de justiça de Jaboatão, Dalva Cabral, que foi pressionada por Elina Carneiro a não contestar o acordo milionário entre Solange e a Fundação Yapoatan.
De fato, logo na primeira audiência do processo, no final de janeiro passado, o acordo foi homologado na Justiça do Trabalho sem contestação. "O importante agora é que a deputada preste seu depoimento e engrandeça nossas investigações", afirmou a promotora Dalva Cabral.
Como é deputada, Elina só poderá depor neste caso sendo notificada pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado - o que ainda não aconteceu.
Mas ela garante que não vai se negar a prestar depoimento. "Não devo nada", concluiu.
Investigações paralelas O acordo trabalhista envolvendo Solange Carneiro e a Fundação Yapoatan é alvo de duas investigações paralelas.
Uma do Ministério Público do Trabalho (MPT).
A outra da Promotoria de Defesa da Cidadania e do Patrimônio Público de Jabotão - órgão ligado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O MPT, que no mês passado obteve liminar do Tribunal Regional do Trabalho suspendendo o acerto temporariamente, reúne informações para entrar até a próxima semana com uma nova ação (rescisória), também no TRT, destinada a extinguir o acordo em definitivo.
Por sua vez, a Promotoria de Jaboatão verifica se houve no caso improbidade administrativa e apura quem seriam os responsáveis.
O objetivo é mover uma ação civil que pode ocasionar várias penas para os envolvidos.
Desde a perda de cargo público e inelegibilidade até mesmo a prisão.
A promotora Dalva Cabral tem seis meses para concluir seu trabalho.
As audiências para ouvida de depoimentos estão sendo feitas conjuntamente pelo MPT e a promotoria desde a semana passada.
Nesta terça, 3, o prefeito Newton Carneiro não compareceu para depor alegando problemas de saúde.
Sua filha, Solange, também não apareceu.
E a advogada dela, Maria Tenório de Moura, esteve presente, mas avocou o direito de permancer em silêncio, previsto na Constituição da República.
Nova audiência já está marcada para a próxima terça, novamente na Promotoria de Justiça de Jaboatão.
Deverão ser ouvidos o prefeito e Solange, além de Julieta Pontes (ex-presidente da Yapoatan) e Maria Sizenalda Timóteo, ex-diretora da entidade.