Em outra denúncia contra a administração da Barreto Campelo, Weverson Silva da Fonseca, indiciado pela chacina ocorrida no mês passado na unidade e detido temporariamente no Cotel, diz que o estoque de comida na penitenciária é grande.
Mas nada chega na mesa dos presos.
Só xerém e manguzá.
Confira. "Eu, graças a Deus, quase não vou na bóia, não.
Porque minha família manda minhas coisas e tal, mas muita gente depende da bóia.
E é de manhã xerém e, de tarde, manguzá.
No outro dia, manguzá de manhã e, de tarde, xerém.
Reveza um de manhã e de tarde.
Só é isso a semana toda".
Surpresa "E no dia que aconteceu isso (o fim dos protestos), o coronel (Geraldo Severiano, diretor da Barreto Campelo) ficou agradecido da gente ter acabado com a greve de fome e chamou um preso que trabalha lá e mandou que desse à gente uns negócio lá pra gente poder fazer.
Que lá, a gente tem aqueles fogão elétrico.
Aí eu peguei, acompanhei um detento que trabalha lá no almoxarifado da cozinha". "Quando eu cheguei lá, eu fiquei assim até, até triste de ver.Tanta coisa.
Muito arroz, muito feijão, caixa de charque, caixa de galinha, macarrão, fuba, muita comida.
Quer dizer, o Estado tá cumprindo com a parte dele em mandar a alimentação de nós, detentos.
Mas a direção da cadeia, eu não sei o que tá fazendo que ninguém lá come arroz, feijão, charque, galinha, ninguém come nada. É só xerém de manhã e manguzá de tarde".
Churrasco "Na greve de fome, comeram muito gato, folha de quiabo com folha de feijão.
AÍ eu peguei e ainda brinquei.
Falei assim: essa greve de fome aí foi boa, porque quando não é greve de fome, a população que depende da bóia só come manguzá e xerém.
E na greve eles comeu churrasco de gato e sopa de folha de quiabo.
Foi melhor do que sem ser na greve".