A desmilitarização do setor de controle de vôo já é uma realidade no Cindacta 3, que cuida da segurança de vôo da Bahia ao Ceará, com sede aqui no Recife, antes mesmo de o governo Federal editar uma Medida Provisória nesta semana, prevendo a unificação da carreira dos controladores.

Numa reunião realizada hoje à tarde, no Clube dos Sargentos, cerca de 80 dos 100 controladores de vôo locais foram informados que a partir de amanhã terão que apresentar-se em trajes civis.

Os controladores, mesmo ainda sendo oficialmente militares, deverão exercer suas atividades em trajes civis ou com o traje de passeio azul, chamado de sétimo uniforme.

Para mostrar que não são mais os mesmos, a partir desta segunda-feira, o uniforme do dia, para todos os demais militares que não são controladores, será o traje camuflado, chamado de décimo uniforme.

Até segunda ordem.

Também perderam todas as facilidades de comunicação, como internet e mail, além da intranet.

Todas estarão bloqueadas, a partir de amanhã.

Os controladores também estão ganhando um ‘sanitário exclusivo’.

Por determinação do comandante do Cindacta 3, José Alves Candez Neto, os controladores perderam também acesso ao estacionamento livre, devendo ser providenciados locais para estacionamento e acessos pré-definidos para a circulação dentro da unidade militar.

Para evitar reuniões dos funcionários no prédio do Cindacta, também foi baixada uma norma para que os controladores de vôo só sejam admitidos no prédio meia hora antes do expediente e meia hora depois. “Isto é inusitado.

Nunca aconteceu.

Este pessoal pensa que está ainda em 1964”, explica um militar, numa referência ao golpe militar que deu início a linha dura na política nacional. “O problema é que ninguém sabe como ficará daqui para a frente, pois o governo nem baixou a Medida Provisória” Como noticiamos mais cedo, a decisão de desmilitarizar o setor acabou criando uma crise na área militar.

Não se sabe é se a retaliação do comando do Cindata 3 é uma decisão unilateral ou se faz parte de uma ação maior, de toda a Aeronáutica, numa resposta indireta ao governo Lula.

O comando militar deixou claro, em suas intruções, que os controladores militares não são mais seus subordinados, devendo os responsáveis pelos controles de tráfego encaminhar as escala dos controladores para os comandantes das Bases Aéreas.

Se servir de consolo, nem o ministro da Defesa, Valdir Pires, sabe no que isto vai dar.

Os controladores estão montando uma associação, devendo aumentar o poder de pressão.

Já viram que dá resultado, pelo menos nesta república sindical que se transformou o Brasil.