Acabo de tomar conhecimento por meio de uma fonte segura - um padre da própria igreja católica, daqueles amados pelo seu rebanho - que o sacerdote Renaldo Jacinto, afastado no começo do mês da Paróquia da Soledade, por desavenças com o bispo Dom José Cardoso Sobrinho, voltou a morar no Recife, forçado pelas circunstâncias.
Na missa de despedida, realizada no dia 04 de março último, Renaldo havia criticado publicamente o bispo, chegando a exaltar-se e até dizer, em plena celebração eucarística, que dava uma surra no bispo, se pudesse. “Podem dizer a ele.
Eu saio, mas volto.
Em junho do próximo ano, ele se aposenta.
Vai para casa dele, fumar cachimbo na cadeira de balanço.
Quando é para falar mal dos padres, ele recebe e dá atenção.
Isto não é coisa de gente normal”, afirmou, com a cabeça quente.
A sua intenção inicial era ir para João Pessoa, ser capelão militar.
Ocorre que Dom José telefonou para a Paraíba, evitando sua aceitação no Estado vizinho.
Não é um quartel militar, mas se há uma coisa que a Igreja preza é a hierarquia.
Stand by Com a volta do padre Renaldo, criou-se uma situação inusitada.
O sacerdote está, por assim dizer, exilado em sua própria terra.
Não é uma novidade.
Segundo fontes eclesiásticas, existem 40 padres dentro e fora do Estado aguardando a aposentadoria de Dom José para voltar a cuidar de uma paróquia.
Na bela praia de Boa Viagem, por exemplo, existem hoje cinco padres stand by, entre eles padre Romero, padre Sérgio Absalão, padre Inaldo (ex-vigário de Bonança) e Bruno (São Bento do Una).
As razões do cismaNa sua saída, a comunidade da Soledade queria até fazer uma passeata e um abaixo-assinado em protesto contra a remoção, mas o padre não aceitou. “Não quero que digam que eu sou um padre agitador”, justificou. “A justiça de Deus tarda, mas não falha”.
O padre afastado estava há 12 anos no Estado, cedido pelo bispo de Alagoas.
Na paróquia da Soledade, estava há sete anos, sendo muito querido.
Também é ex-tesoureiro da Arquidiocese de Olinda e Recife.
No Recife, construiu três igrejas, entre elas uma na Mangueira.
Segundo explicou aos fiéis, o ponto de discórdia foi um pedido para construir um santuário em uma cidade do interior onde 70% da população é evangélica e era humanamente impossível fazer a obra.
Novo alvo?Quem conhece a política interna da diocese, garante que a bola da vez, depois do padre Renaldo, pode ser o padre Edvaldo, da paróquia de Casa Forte.
Que pecado teria cometido?
Consta que, na sua missa de 50 anos de sacerdócio, ele teria oferecido e permitido que um bispo anglicano que participava da cerimônia comungasse.
Dom José Cardoso já teria comunicado o ocorrido ao Vaticano.
Próximo dos 75 anos, o padre já pode ser aposentado compulsoriamente.
Veja o que já foi publicado antes aqui.