Por Gilvan Oliveira Da Editoria de Política do JC O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Newton Carneiro (PSB), garantiu nesta sexta que, enquanto estiver à frente do Executivo, não irá pagar os R$ 800 mil à sua filha Solange Manoela Lopes Carneiro, fruto de um acordo numa ação trabalhista envolvendo a fundação Yapoatan – ligada à Prefeitura.

Mas entende como legítima a indenização à filha pela gravidade do acidente. “Não paguei nem pago porque sou pai dela.

Na minha gestão ela não recebe.

O prefeito que vier depois pode pagar.

Agora ela tem direito, pois sofreu um acidente grave.

Não é brincadeira perder o braço”, disse.

O prefeito afirmou que “cortou na própria carne” ao impedir o pagamento quando soube do acordo “de última hora”.

De olho na reeleição a ser disputada ano que vem e repetindo a tese levantada anteontem por sua outra filha e deputada estadual Elina Carneiro (PSB), Newton acredita que o caso é alimentado por seus adversários. "Temos 10, 15 inimigos políticos em Jaboatão.

Os adversários são covardes me atacando pela imprensa.

Querem ganhar as eleições me desclassificando”, retrucou.

Quanto ao futuro da Yapoatan, o prefeito declarou-se favorável à sua extinção, contrariando posicionamento tomado no início da semana, quando informara que a manteria. “A fundação não tem nada de útil ao município”, comentou.

O procurador-geral de Jaboatão, Aldemar Santos, informou, no entanto, que não basta a vontade do prefeito para extingui-la.

Ciente da sua convocação pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) para depor como testemunha nas investigações sobre a lisura do acordo, Newton antecipou que não irá. “Tenho foro privilegiado e vou entrar com mandado de segurança para não comparecer.

Não tenho nada a ver com isso”, afirmou.

HISTÓRICO Solange Carneiro machucou a mão direita durante uma festa na sede da Yapoatan em 1998, quando era diretora de relações institucionais e a deputada e sua irmã Elina Carneiro presidia a entidade.

Ela moveu uma reclamação trabalhista em 1999 contra a fundação, conseguindo uma indenização de R$ 20 mil de dívidas trabalhistas, sendo extinto o pleito de dano moral e estético.

Em 2005, ela reiterou os pedidos de dano moral e estético.

Foi firmado acordo nessa segunda ação fixando R$ 800 mil, mais R$ 160 mil de honorários advocatícios, sem que os representantes da fundação contestassem.

Os Ministérios Públicos do Trabalho (MPT) e de Pernambuco (MPPE) investigam o caso.

Os procuradores do trabalho afirmaram haver “fortes indícios de conluio” entre a advogada da fundação, Fernanda Campos Casado Lima, e Solange Carneiro no caso.

O MPT declarou que Newton Carneiro tomou as providências necessárias para evitar o pagamento e não vê responsabilidade dele no acordo.