Para os procuradores do trabalho que ouviram quatro funcionários da Fundação Yapoatan nesta quarta, 21, o depoimento mais comprometedor foi prestado pela advogada da entidade, Fernanda Campos Casado Lima.

De acordo com o Procurador Renato Saraiva, que está à frente das investigações do Ministério Público do Trabalho, a advogada apresentou uma explicação pouco convincente para o fato de não ter contestato o acordo milionário entre a Fundação que representa e Solange Carneiro, ex-funcionária da Yapoatan.

Fernanda Lima participou da audiência em que o acordo foi homologado, na 3a.

Vara do Trabalho de Jaboatão, em janeiro desse ano.

Mas não se manifestou, ao contrário do que seria esperado.

Ela disse aos procuradores nesta quarta que estava pronta para contestar o pedido de indenização feito pela ex-funcionária Solange.

Mas que a diretora da Yapoatan, Maria Sizenalda Timóteo, teria se mostrado disposta a fazer o acordo.

Por isso, decidiu permanecer calada.

No dia do acordo, em janeiro, Sizenalda representava a presidente da Fundação Yapoatan, Julieta Pontes.

Tanto ela quanto Julieta informaram em seus depoimentos aos procuradores do trabalho que, na verdade, teriam sido orientadas pela advogada a firmar um acordo no valor de R$ 800 mil.

Fernanda Lima teria induzido as duas a erro, informando que o acordo era uma decisão irrecorrível e que só restava reduzir o valor da indenização pedida por Solange Carneiro.

De R$ 1,4 milhão para R$ 800 mil.

A advogada revelou ainda que, antes do acordo ser homologado na Justiça, teria recebido a visita de Solange e sua irmã, a deputada estadual Elina Carneiro (PSB).

Neste encontro, segundo ela, as filhas do prefeito de Jaboatão, Newton Carneiro, não teriam falado em valores.

Apenas informado as razões da ação.

Solange pediu indenização na justiça por ter sofrido acidente no trabalho, em 1998, quando era funcionária comissionada da Yapoatan.

Na época, sua irmã Elina presidia a Fundação, ainda no primeiro mandato de Newton à frente do município.