Os dois pré-candidatos do PMDB para a disputa da Prefeitura do Recife em 2008, Cadoca e Raul Henry, abandonaram a hipocrisia e trocaram farpas públicas.
O pano de fundo para a exacerbação dos humores foi a eleição nacional do PMDB.
A disputa nacional levou o partido em Pernambuco, pela primeira vez, a não marchar unido na orientação de Jarbas.
Cadoca acompanhou o presidente reeleito Michel Temer (SP) e corroborou com o fortalecimento da ala lulista do PMDB.
Raul Henry primeiro apoiou Nelson Jobim, detonado pelo próprio Lula depois.
Com o naufrágio, voltou para Temer, dando munição para Cadoca.
Raul achou por bem cobrar uma posição oposicionista a Cadoca, que não gostou e revidou. “Cadoca precisa explicar de que lado ele está: se do lado das propostas que todos nós defendemos na campanha ou se ele mudou de lado e aderiu ao governo do presidente Lula”.
Em nota, Cadoca diz que o colega “precisa aprender a pensar sozinho”, insinuando que, em suas críticas, Raul reproduz o pensamento de marqueteiros e do senador Jarbas. “Raul age sempre como porta-voz, o que demonstra no comportamento do dia-a-dia e em momentos em que se espera de um político uma posição firme.
Primeiro seguiu a orientação de Jarbas e declarou apoio a Nelson Jobim.
Com a desistência de Jobim, foi para o jornal dizer que apoiava Temer para, logo em seguida, deixar de comparecer à convenção.
Isso é ficar em cima do muro”, avaliou o peemedebista.
No JC de hoje, Cadoca também acusa Henry, pela primeira vez publicamente, de ter feito corpo-mole na sua eleição para prefeito em 2004. “O direito que obtive de disputar à Prefeitura foi conquistado no voto.
Não pela benevolência de ninguém.
Os números apontavam que o meu nome era o mais competitivo e parte do partido referendou o candidato mais competitivo.
Isso é incontestável.
Também é incontestável que houve a omissão de companheiros de partido na minha eleição.
Onde você estava, Raul, que não participou da campanha?
Em quem você votou mesmo?”, indaga Cadoca.
A repórter Ana Lúcia Andrade frisa que, mais uma vez, assiste-se a uma disputa interna entre os deputados, os mesmos que protagonizaram a disputa sucessória de 2004, quando o primeiro levou vantagem e foi o candidato. “Cadoca e Raul travam, às claras, uma briga tão quente pela cabeça de chapa da aliança, a mais de um ano e meio da eleição, que, no entendimento de vários aliancistas, pode resultar num caminho sem volta no sentido da unidade em torno de um ou de outro”, escreve na edição de hoje do JC.
Em 2004, Cadoca assegurou o apoio do PMDB e demais partidos da aliança ao seu nome e Raul Henry teve de renunciar ao direito de disputar a condição de candidato da aliança, mesmo contando com o apadrinhamento de Jarbas.