Da Editoria de Cidades Detentos da Penitenciária Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, Região Metropolitana do Recife, voltaram a se rebelar, ontem, para pressionar a Justiça a liberar mais sentenças de livramento condicional e progressão de regime.

Como na última quarta-feira, os presos passaram parte do dia no teto dos pavilhões, exibindo faixas.

As visitas foram suspensas.

Dessa vez, a pressão não funcionou.

O juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Adeíldo Nunes, e a direção da unidade informaram que nos últimos três dias mais de 60 detentos foram beneficiados com sentenças.

Do lado de fora, parentes tinham opiniões diferentes sobre o motim.

Muitos defendiam os presos, afirmando que eles estão lutando pelos seus direitos.

Outros pediam para que a rebelião terminasse e a visitação fosse liberada. "Eles estão apenas querendo seus direitos, porque muitos já passaram do tempo de estar na cadeia.

Mas não é justo ficarem sem receber visita", afirmou uma das esposas, que preferiu não ser identificada.

Ela disse que desde quarta-feira a população carcerária está em greve de fome.

A direção da Barreto Campelo nega a informação, afirmando que a grande maioria está se alimentando.

Com uma caixa de som e por meio de bilhetes amarrados em pedras e arremessados por cima do muro, os rebelados mandavam recados para os parentes e para a imprensa.

O JC conseguiu conversar com um dos detentos por telefone. "Queremos nossos direitos.

Tem mais de 300 homens aqui que precisam ter seus processos revisados porque já eram para estar no semi-aberto ou na condicional", explicou o preso.

De acordo com o diretor da penitenciária, coronel Geraldo Severiano, os pavilhões estão divididos. "Nem todos concordam com essa rebelião, mesmo sendo pacífica.

Então, para evitar confusão, decidimos suspender as visitas." O coronel Severiano desmentiu informação dos parentes dos presos de que no sábado dois detentos haviam sido esfaqueados e que muitos estavam na enfermaria por causa da greve de fome.

O juiz Adeíldo Nunes afirmou que desde a quarta-feira, dos 119 processos analisados, 69 já foram beneficiados com regularização de regime de condicional e semi-aberto. "Os outros presos não podem ter seus casos resolvidos porque faltam documentação e organização dos processos." A Penitenciária Barreto Campelo tem capacidade para 1.140 apenados, mas atualmente abriga 1.335.