O Presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), Joaquim Donato Filho, acusa a oposição de transformar o processo eleitoral da entidade numa "eleição de guarda de quarteirão". "Ernande (candidato da oposição) é um bom delegado.

Mas tem um grupinho com ele que quer subir pisando os mais velhos.

São talebans", disse o atual presidente, comparando os opositores ao grupo radical islâmico do Afeganistão.

Candidato pela oposição, o delegado de primeira e atual segundo vice-presidente da entidade, Ernande Francisco da Silva, contra-ataca. "Talebans são eles, que representam uma casta, uma minoria", afirma.

Na última sexta-feira, a eleição para a presidência da Adeppe foi adiada por determinação da justiça.

Motivo: a última edição do jornal da entidade, que saiu oito dias antes do pleito, abriu espaço apenas para o candidato da situação, o delegado especial Ricardo Varjal.

Agora, a eleição só poderá acontecer depois de ser editado um novo número do jornal, exclusivamente dedicado ao candidato da oposição.

A previsão é de que o jornal seja publicado no final deste mês e que a eleição se realize ainda na primeira quinzena de abril.

A Adeppe representa cerca de 600 delegados, sendo 40 especiais e o restante distribuído entre primeira, segunda e terceira categorias.

A eleição coloca de um lado os delegados especiais, representados por Ricardo Varjal, alinhado com o ex-governador Mendonça Filho.

Do outro, Ernande Francisco da Silva , representante dos delegados de primeira, que defendem as mudanças propostas pelo governador Eduardo Campos para a polícia.

Na última semana, Eduardo enviou à Assembléia Legislativa, em regime de urgência, projeto de lei propondo, entre outras pontos, a possibilidade de que os delegados de primeira possam assumir postos de comando na Polícia Civil, hoje restritos aos delegados especiais.