Já que estamos falando em violência hoje, depois da divulgação de aceleração das mortes no Estado neste começo de ano, nada mais apropriado que o tema do artigo do vic-prefeito Luciano Siqueira, em seu blog pessoal, o vermelho.

O vice-prefeito foca na questão da violência criminal, anotando que a população ainda sente um misto de medo e e descrença na ação do Estado e, por isso, partidipa pouco das manifestações públicas sobre o tema.

Medo e descrença "Não podemos assistir a tudo de olhos secos e braços cruzados.

A população não pode ficar inerte e indiferente", afirmou ontem, diante das câmeras de TV, Antônio Carlos Costa, coordenador do Rio pela Paz, que organizou o protesto contra a violência, ontem, no Rio e Janeiro, fincando 700 cruzes na praia de Copacabana.

Com essas palavras, ele procurava incitar a população a reagir e ao mesmo tempo se dava conta de que a participação popular nas manifestações do gênero ainda é pequena, desproporcional à dimensão do problema.

Na verdade, há dois fatores que inibem uma maior presença nessas manifestações.

Um é o medo, especialmente em cidades ou áreas onde o banditismo adota ações audaciosamente agressivas, como o Rio de Janeiro.

As pessoas temem represálias, se reconhecidas em fotos de jornais ou imagens de TV.

O outro é a descrença.

A expectativa é de ações do Estado capazes de coibir o crime e de reduzir os índices de homicídios.

As estatísticas revelam resultados precários, desanimadores.

Mas a questão de fundo é que a violência criminal é fruto de uma gama de fatores, uns de ordem estrutural - resultados sociais negativos do modelo de desenvolvimento concentrador da renda e da produção, por exemplo -; outros de ordem conjuntural, em geral relacionados com o modelo ou tática equivocada de enfrentar o chamado crime organizado priorizando a força bruta.

O governo federal caminha, porém a passos muito lentos, na implantação do SUSP – Sistema Único de Segurança Pública – apoiado em base conceitual inovadora, que combina prevenção com repressão; na repressão prioriza a inteligência; e procura envolver os três entes federativos e a sociedade.

Os frutos, entretanto, tendem a ocorrer a médio e longo prazo e dependem do ritmo de sua implementação.