Por Gustavo Krause O presidente Lula sofre de séria incontinência verbal.
Na visita de Bush, o presidente foi inconveniente, deselegante e grosseiro com as mulheres ao usar a metáfora do ponto G.
Reprimenda?
Que nada.
Seria coisa do moralismo pequeno burguês.
Bem diferente do que se ouviu quando, igualmente impróprio, o Presidente Collor pintou de roxo parte da genitália masculina para reafirmar a força do macho.
Por ocasião do recente loteamento ministerial, o Presidente afirmou que com o ministério da saúde não se brinca porque "é a morte" e com o da educação, porque "é o analfabeto".
A mais primária das lógicas leva à conclusão de que "brincar" com os outros ministérios não tem problema. "Ô chato, não pega no pé do homem!
Isto é força de expressão", diriam os fiéis seguidores e subservientes aliados.
O pior é que não se trata de força de expressão.
O Presidente "brinca", desde a posse, de escolher "aloprados" e, o que é mais grave, de governar.
Balbinotti, convenhamos, é brincadeira e brincadeira de mau gosto.
Apesar da presunção de inocência, o ilustre deputado paranaense não tem culpa de ter cara de culpa.
E a sensação que se tem é a seguinte: o partido aliado apresenta uma lista de nomes; o presidente, então, recita: "pim, pam, pum, cada bala mata um, puxa o rabo do tatu, quem escolhi foi tu" ou, então, "bem-me-quer, mal-me-quer".
Pronto, escolhido o ministro.
Aí o mundo vem abaixo e, no caso recente, o cara foi ministro sem nunca ter sido; entre o feijão e o sonho, ainda bem que o feijão escapou.
Por sua vez, vejam o que disse o Ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan com a demora de ser substituído: "Não é que deve estar difícil. É que o presidente está brincando comigo, como no filme ‘esqueceram de mim 2’".
Até certo ponto, brincar é saudável.
Na infância, brincar estrutura a personalidade da criança.
O lúdico é o espaço da fantasia; neste espaço a criança, mais do que se diverte, dá ordens, acaricia e castiga a boneca ou o soldadinho de chumbo; a criança controla e assegura, como sujeito ativo, o destino dos personagens da brincadeira.
Para o bem da saúde mental, deve ser mantida uma porção da criança no mundo interior dos adultos.
O que não dá, é infantilizar a política, brincando com coisa séria que é governar e, consequentemente, colocando em risco, não bonecas e soldadinhos de chumbos, mas o futuro do cidadão brasileiro.
Quando a gente compara o Brasil anestesiado e travado com um mundo aceso, produzindo, crescendo, repartindo riqueza aí é que vê a pobreza da nossa agenda em relação aos desafios contemporâneos.
Nesta comparação o que se observa é o seguinte: os países se desenvolvem porque trabalham muito, estudam muito, poupam muito e porque dispõem de lideranças políticas ousadas e esclarecidas.
Seria injusto e leviano atribuir nossas mazelas aos desacertos de um governo.
Todavia, além de carecer de um líder esclarecido, o grande pecado do governo atual é agravar os fatores que nos mantêm mergulhados na mais absoluta mediocridade.
O Brasil segue na contramão de bons exemplos de superação do atraso.
Por aqui, a precariedade da base educacional e o esforço de inovação são insuficientes para responder pelo aumento da produtividade geral dos fatores de produção; a carga tributária maligna associada à benevolência assistencialista, patrocinadas por um estado perdulário, elimina a capacidade nacional de investir e esteriliza a cultura empreendedora das pessoas.
E o que é mais grave: Lula, o grande líder popular, se imiscuiu nas tricas e futricas da politicagem e aprendeu, com distinção e louvor, que: "Política é a arte de obter votos dos pobres e fundos dos ricos, prometendo a cada grupo defendê-lo contra outro".
Neste seriado de trapalhadas, está em gestação uma grave presepada: a criação do ministério da comunicação e uma rede estatal de televisão, orçada em 250 milhões de reais.
Qualquer semelhança com o Ministério da Verdade e a Novilíngua de George Orwell no livro 1984 não é mera coincidência. É brincadeira!
PS: Gustavo Krause é ex-ministro da Fazenda e escreve para o Blog, semanalmente, quando lhe dá na telha.