Por Eduardo Machado Oitocentas e noventa e duas pessoas foram assassinadas em Pernambuco nos dois primeiros meses de 2007, uma média de 15 execuções por dia no Estado.
No mesmo período de 2006, ocorreram 784 homicídios e a média ficou em 13 mortes por dia.
O comparativo aponta um aumento de 13% no número de crimes.
Desde 2003, quando a Secretaria de Defesa Social começou a arquivar os dados de homicídios, este é o início de ano mais violento.
Para o cientista político Adriano Oliveira, pesquisador do Núcleo de Estudos de Instituições Coercitivas da Universidade Federal de Pernambuco, faltam ações na gestão das polícias para impedir o aumento da violência.
Segundo Oliveira, o governo do Estado propôs um Pacto pela Vida à sociedade, mas deixou de lado o enfrentamento imediato do crime.
Assim como o Conselho da Paz, no governo passado, declara Oliveira, essa administração está se propondo a consultar a sociedade sobre segurança pública sem tomar as devidas providências na condução das polícias. "Sou contra a elaboração de um plano de segurança feito com pessoas que não são especialistas no tema.
Os movimentos sociais podem e devem cobrar das autoridades respeito aos direitos humanos, cumprimento das leis, mas não formular a política de segurança pública.
Isso é uma questão de gestão e que passa sobretudo pela forma como serão conduzidas as polícias, o que já podia ter começado a ser feito", opinou o cientista político.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)/Pernambuco, Jayme Asfora, as ações de governo na área de segurança não devem esperar a conclusão do plano estadual. "Há decisões políticas que já podiam ter sido tomadas para melhorar o aparato de segurança do Estado, como por exemplo, a nomeação dos defensores públicos concursados ou o fortalecimento da corregedoria.
Tudo isso teria reflexo na redução da impunidade", avaliou Asfora.
O articulador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Ivan Moraes Filho, diz que as entidades ligadas ao MNDH estão dando um voto de confiança ao governo, mas concorda que existem ações que já podiam estar em desenvolvimento para conter o avanço da violência. "Acho que não há o que comemorar se a violência subiu 13% ou caiu 13%.
Continuaremos num patamar inaceitável que só será alterado com um planejamento amplo.
No entanto, isso não significa que não existam várias medidas que possam ser tocadas.
Entregamos no início do mês ao governador um roteiro com 20 ações que já poderiam estar em andamento", atestou Ivan.
Apesar de fazer parte do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Jayme Benvenuto, acredita que a elaboração do Pacto pela Vida não deve ficar restrito às ONGs. "A discussão com a sociedade sobre o plano estadual de segurança é válida, mas precisa ser ampla.
A questão da violência deve ser enfrentada com ações de curto e longo prazo", concluiu Jayme.