Por Sérgio Montenegro Filho É absoluta conversa mole essa teoria - cogitada desde a semana passada - de que o candidato governista à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010 não precisaria, necessariamente, sair do PT.
E é ainda mais sem nexo imaginar que os petistas topariam ceder uma vaga como essa a um nome indicado pelo PMDB, apenas porque o partido faz parte, agora, da coalizão governista.
Para quem tem a memória curta: não faz muito tempo, os peemedebistas se engalfinhavam numa disputa duríssima entre os que queriam levar o partido para a base governista e os que desejavam fazer oposição a Lula.
Depois de muita confusão, ganharam os governistas.
Ganharam porque contaram com uma mãozinha do principal interessado: o próprio Lula, que ofereceu cinco ministérios ao partido.
O presidente sabia que não tem peemedebista que resista a uma oferta dessas.
Mesmo cientes de que não houve unidade nem mesmo na escolha dos nomes que representariam a legenda na Esplanada.
A tendência a se manter um saco de gatos está acima de tudo no PMDB.
Mas voltemos ao suposto aceno do Planalto aos peemedebistas para 2010.
Sabem quem foi o primeiro a sugerir o assunto na imprensa?
Ninguém menos que o ex-todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Ele perdeu o ministério, perdeu o mandato e a majestade.
Mas não perdeu a esperteza.
Certamente com o aval de Lula - de quem jamais se afastou - Dirceu apenas pendurou a cenoura na frente dos peemedebistas.
Mas ninguém se engane: o PT só abre mão de disputar a Presidência da República novamente se Lula, dessa vez, sair absolutamente em baixa do governo.
Caso contrário, o partido vai cuidar de arrumar um nome para a disputa, esquecendo rapidinho essa história de coalizão e de aliança pela governabilidade.
Depois de mais de duas décadas na oposição, os petistas finalmente chegaram ao poder.
E se apegaram a ele.
Ganharam experiência com os erros cometidos no primeiro mandato de Lula e estão se aperfeiçoando a cada dia no seu manuseio.
A manobra feita pelo Planalto - que alijou o ex-ministro Nelson Jobim da disputa pela presidência nacional do partido, dando a vitória a Michel Temer - foi mais uma prova de que os petistas aprenderam direitinho a arte da política.
Devem, portanto, agir da mesma forma quando chegar o momento de escolher o candidato à sucessão de Lula.
Afinal, além do PMDB, o Planalto conta, na tão falada coalizão, com aliados de primeira hora, como o PSB - que tem Ciro Gomes na agulha como presidenciável - e o PCdoB.
Sem falar no PTB e em outras legendas que chegaram depois ao bloco governista.
Por que razão os petistas, que não costumam conciliar nas montagens de chapas majoritárias, iriam ceder para os peemedebistas?
Que o PMDB esteja, finalmente, alinhado ao governo, alegando o firme propósito de ajudar no desenvolvimento do País, a gente até pode admitir.
Mas achar que o prêmio por essa "dedicação" será uma candidatura presidencial apoiada pelo PT é o mesmo que acreditar nas histórias da Carochinha ou no bom e velho papai noel.
PS: Serginho é repórter especial do JC e escreve para o Portal do JC Online