O trabalho deles normalmente consiste em fazer chegar às mãos das pessoas correspondências em todo país.
Algumas das mensagens são alegres.
Outras, nem tanto.
Com dez anos de atraso, pelo menos, 543 funcionários dos Correios em todo o País estão recebendo cartas que jamais gostariam de entregar.
Nelas, a diretora de Recursos Humanos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Maria de Lourdes Rosalém, comunica a anulação de atos que implementaram ascensões funcionais posteriores a 1993, ou mais especificamente o concurso interno 104/97, realizado em 1997.
Trata-de do desmonte de um trem da alegria, pelo Tribunal de Contas da União.
A determinação foi dada ainda em 2004 e nunca foi cumprida, sempre obstacularizada por protelações.
Em Pernambuco, a medida atinge 66 funcionários dos Correios, que serão afetados com a alteração funcional e salarial.
Funcionários que hoje estão ganhando como nível superior vão ser reclassificados para nível médio. “Não há mais recurso possível”, informa a diretora de RH.
Como os funcionários não agiram de má fé, não serão obrigados a devolver o que receberam de forma irregular.
As cartas não falam, mas ainda há um impacto maior além das despromoções.
Com o salário menor, cai o teto da aposentadoria, calculado sobre o salário e não sobre gratificações, sempre flutuantes, ao sabor dos governos que indicam para cargos de chefia.
Veja o trecho mais cruel das cartas: “Identificamos que Vossa Senhoria obteve ascenção funcional, sem concurso público, em data posterior a 23 de abril de 1993, sendo portanto alcançado pela decisão do TCU, devendo sofrer novo enquadramento para ajustar as determinações ora em destaque”.
Daqui a pouco, vamos dissecar mais o assunto.