Por Élio Gaspari Governo da banca, para a banca, pela banca, funciona assim: Em fevereiro do ano passado, o então secretário do Tesouro, Joaquim Levy, anunciou que pretendia leiloar os serviços de atendimento bancário de 24 milhões de contas da clientela do INSS.
Pode-se estimar que a iniciativa leve para a bolsa da Viúva algo entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões anuais.
A idéia desagrada os bancos.
Travou.
O ministro da Previdência, Nelson Machado, disse que seriam necessárias muitas reuniões para decidir a questão.
Em dezembro, oito meses depois da proposta de Levy, a Febraban começou a reivindicar uma mordida no rendimento das cadernetas de poupança e das contas dos trabalhadores no FGTS.
Na semana passada, veio a tunga.
Como os bancos vivem de emprestar dinheiro ao governo, a queda dos juros estava aproximando o rendimento de seus fundos da taxa paga pela poupança.
Em vez de competir pela eficiência e rentabilidade, longe das tetas da Viúva, pressionaram os companheiros, baixando em cerca de 5% a 10% a remuneração da patuléia.
Há 75 milhões de aplicações na poupança.
Quem tem R$ 1.000 na caderneta ganhava R$ 6,80 por mês.
Ficará com R$ 5,80.
Nos últimos seis anos, o rendimento líquido da turma da poupança foi de 85%.
Os 11 milhões de cotistas dos fundos dos bancos ganharam 170%, o dobro. (Há pessoas e empresas que têm mais de uma conta nas cadernetas ou nos fundos.) Nesse mesmo período, o dinheiro de 21 milhões de trabalhadores guardado no FGTS rendeu 48,3% contra uma inflação de 65,34%.
O leilão das contas do INSS continua na gaveta.
Nelson Machado arrisca ir embora sem terminar sua rodada de reuniões.