O Estado de Pernambuco brilhou ontem na Folha de São Paulo, com a divulgação de um estudo do Ministério da Saúde apontando quem cumpriu e quem não cumpriu os gastos mínimos em Saúde.
Pernambuco gastou apenas 10,57%, quando o mínimo exigido é 12%.
Os números são de 2005, quando era governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), atualmente no Senado.
Conforme já denunciou o JC, em novembro do ano passado, em reportagem assinada por este repórter e publicada também neste Blog posteriormente, o TCE aprovou as contas do Estado mesmo assim.
Foram feitas 22 recomendações para que as contas fossem aprovadas, de acordo com o relatório da conselheira Tereza Duere, ex-deputada pelo PFL.
Veja a matéria da AGÊNCIA FOLHA, Relatório do Ministério da Saúde aponta 18 Estados empregaram montante abaixo do percentual estabelecido na Saúde; total chega a R$ 3,45 bilhões Minas Gerais e Rio Grande do Sul como os Estados que menos investiram em Saúde no ano de 2005, descumprindo assim a emenda constitucional 29, que vincula os investimentos no setor -é preciso aplicar 12% das receitas próprias estaduais.
Os dados do Siops (Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde), fechados no mês passado, apontam que o Rio Grande do Sul investiu 4,99% do Orçamento em Saúde, e Minas Gerais, 6,87%.
Outros 18 Estados integram a relação com percentual de recursos destinados à Saúde abaixo do estabelecido na emenda constitucional.
Entre eles estão São Paulo (11,69%), Rio de Janeiro (8,9%), Paraná (8,86%) e Bahia (11,85%).
Montante que faltou Em valores absolutos, foram R$ 3,45 bilhões que deixaram de ser aplicados na Saúde pelos 20 Estados em 2005.
Minas Gerais e Rio Grande do Sul lideram esse montante que faltou, com R$ 771 milhões e R$ 744 milhões, respectivamente.
Os próximos quatro da lista do Ministério da Saúde são Rio de Janeiro (R$ 430 milhões), Paraná (R$ 274 milhões), Goiás (R$ 213 milhões) e São Paulo (R$ 136 milhões).
A maior parte dos Estados, porém, diz ter cumprido a emenda 29.
Nos balanços gerais que os próprios Estados publicam, apenas Rio Grande do Sul, Maranhão e Paraná apontaram percentuais abaixo dos 12% previstos na emenda constitucional: 7,45%, 8,52% e 9,59%, respectivamente.
Outros 16 Estados afirmam ter aplicado o percentual constitucional.
Minas está entre eles: afirma ter investido 12,33%.
Os dados do Acre são os únicos não disponibilizados.
Polêmica Essa é uma polêmica que se arrasta desde que a emenda 29 passou a valer, em 2000.
Como não foi feita até hoje a regulamentação da lei, há diferentes interpretações sobre a definição de gastos em Saúde.
O Ministério da Saúde se baseia em dados transmitidos pelos Estados ao Siops e no exame dos balanços dos governos, amparado na resolução 322 do Conselho Nacional de Saúde, de 2003, criado para resolver as divergências de interpretação da emenda 29.
Segundo a resolução, assistência à saúde de servidores e pagamento de aposentadorias e pensões não podem ser computadas como gastos em Saúde.
Mas os Tribunais de Contas dos Estados, no entanto, nem sempre têm esse entendimento. É o caso, por exemplo, do TCE de Minas Gerais.
E cabe justamente a esse tribunal a decisão final sobre o assunto.
Divergências Duas reportagens da Folha publicadas no ano passado mostraram que em Minas o Executivo incluiu nos gastos com Saúde em 2004 despesas com previdência social e assistência médica para clientela fechada (servidores e militares), gastos com saneamento básico e vigilância sanitária animal.
Em outra reportagem da Folha, em outubro de 2003, primeiro ano da gestão Aécio Neves (PSDB), o governo de Minas já defendia a interpretação do TCE-MG para gastos em Saúde e deixava claro que seguiria essa análise.
Na ocasião, o secretário da Saúde, o tucano Marcus Pestana já defendia que despesa com o hospital militar era gasto em Saúde: "Só a regulamentação por lei complementar pode pacificar isso".