Do site Ecodebate Salvador - A jornada de lutas pela revitalização do Rio São Francisco e contra o projeto de transposição se prepara para mais um ato, dessa vez em Brasília.
A partir do dia 12, próxima segunda-feira, cerca de quinhentas pessoas, de toda a Bacia, farão parte de um acampamento para pressionar e pedir o fim da mega obra idealizada pelo governo federal.
O acampamento será marcado pela articulação junto aos três poderes – executivo, legislativo e judiciário.
Estão previstas: audiências públicas - entre elas, uma com o Ministério Público Federal (MPF), dia 14 - e visitas aos 11 ministros que compõem o Supremo Tribunal Federal (STF).
Haverá ainda momentos na Câmara e no Senado.
A realidade da Bacia e a existência de alternativas serão apresentadas através da exposição de experiências de convivência com o semi-árido e exposição fotográfica intitulada ‘O Outro Lado do Rio’.
O fotógrafo João Zinclar percorreu a Bacia, desde a nascente até a foz, retratou aspetos de vida das comunidades ribeirinhas e alarmantes imagens de degradação.
Além disso, haverá apresentação de artistas locais, da Bacia e um show com Dércio Marques e Bené Fonteles.
As ações da jornada de lutas iniciaram dia 22 de fevereiro, quando o bispo da Diocese de Barra, D.
Luiz Cappio, protocolou carta endereçada ao presidente Lula.
O franciscano pedia o recuo e um diálogo entre sociedade e governo.
Daí por diante, mais de quatro mil pessoas, de diferentes organizações e movimentos, se envolveram em ações no Alto, Médio, Sub-médio e Baixo São Francisco.
A maior de todas, culminou com o fechamento da ponte em Juazeiro, que liga o estado da Bahia a Pernambuco, e ocupação da sede regional da Codevasf, em Petrolina.
Em outubro do ano passado, cerca de quinhentas pessoas que participavam de um acampamento de formação e mobilização, na Ilha Assunção, em Cabrobó (PE) - terra pertencente aos índios Truká - começaram a idealizar a ação na capital do país.
Tratava-se de uma atividade em comemoração ao aniversário do rio e um ano da greve de fome de D.
Luiz.
Naquele momento, durante determinadas plenárias, houve debate sobre a presença do exército, desde 2005, na possível área de construção dos canais da transposição.
Esse e outros indicativos levaram todos a concordar que o governo federal ignorava a posição contrária, por parte das comunidades tradicionais da região, e ainda estimulava uma falsa idéia do projeto como única alternativa para o semi-árido.
Dessa forma, surgiu a primeira idéia de acampamento em Brasília.
Intensificada mais tarde com a decisão do ministro do STF, Sepúlveda Pertence.
Ele, no final de 2006, derrubou todas as liminares que impediam o projeto de começar.
Assim como as recentes e confusas declarações do ministro da Integração, Pedro Britto, sobre a abertura de editais de licitação e início das obras que, inicialmente, parecem desconsiderar até mesmo as determinações do Tribunal de Contas da União (TCU).