Cresce o número de mortes violentas de jovens brasileiros Juan Arias, no Rio de Janeiro É rara a semana em que não chega à mídia internacional algum fato violento acontecido no Rio de Janeiro ou em São Paulo.
Na última terça-feira (27/2) foram encontrados em seu apartamento três cidadãos franceses que trabalhavam em uma organização de ajuda a crianças abandonadas, amarrados a três cadeiras e mortos a facadas.
No sábado anterior, quatro supostos narcotraficantes morreram em um tiroteio com a polícia na favela de Barbante, no Rio.
O próprio ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, foi feito refém durante várias horas, há seis dias, em sua casa de campo, por assaltantes que levaram cerca de US$ 10 mil, além de jóias.
A seqüência de fatos violentos preocupa os brasileiros.Nesta quarta (28) foi divulgado um relatório que diz que as coisas não são o que parecem.
Ou, dito de outra forma, que as grandes cidades como Rio e São Paulo conseguiram estabilizar ou reduzir os índices de violência de 1999 a 2004, enquanto esta cresce nos pequenos municípios.
Portanto, morrem mais jovens nas cidades do interior do país do que nas grandes cidades.
Essa é uma das conclusões do relatório da Organização dos Estados Americanos para Educação, Ciência e Cultura.
O aumento dos homicídios de jovens nas grandes cidades de 1994 a 2004 foi de 0,8%, enquanto nos municípios do interior o aumento foi de 5,4% ao ano.
A cidade de Recife, no nordeste pobre, é a capital com maior porcentagem de jovens assassinados: 207 por 100 mil habitantes.
Na cidade do Rio, apesar da fama de violência que sofre e onde ainda não terminaram as manifestações de rua contra o brutal assassinato de um menino arrastado sete quilômetros por um carro conduzido por jovens assaltantes - alguns deles menores de idade - o índice é de 131,9 mortes por 100 mil habitantes e aparece em 43º lugar quanto a assassinatos de jovens, enquanto em assassinatos em geral ocupa a 107ª posição.
Segundo sociólogos como Julio Jacobo Waiselfisz, a causa desse crescimento das mortes violentas de jovens nas cidades de tamanho médio deve-se ao crescimento econômico das mesmas, à sua industrialização, o que representa maior riqueza e, portanto, maior tráfico de drogas. É no tráfico de drogas, com a luta entre os diferentes grupos por seu controle, que acabam perdendo a vida tantos jovens, que entram no tráfico muito cedo em busca de ganhos fáceis e rápidos.
Outro motivo pode ser o maior investimento de recursos do Estado para combater a violência das grandes cidades, sobretudo nas favelas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniria nesta quarta-feira com os 27 governadores do país, tanto do governo como da oposição, para estudar o tema da violência no país, entre outros.
Lula iria explicar aos governadores por que nos orçamentos do Estado a segurança sempre acaba sendo a "gata borralheira".
Junto com o caso do menino arrastado pelos assaltantes no Rio, a população está horrorizada com a morte de outras duas crianças em São Paulo, por balas perdidas: uma menina de 3 anos morreu nos braços de seu avô.