O diretório do PT no Recife decidiu, por unanimidade, rejeitar o pedido de abertura de um processo ético-disciplinar para apurar a responsabilidade de vereadores da sigla na aprovação do aumento de 46,35% nos salários da cúpula da Prefeitura do Recife.
A solicitação havia sido encaminhada pelo deputado federal Paulo Rubem (PT).
O deputado petista lamentou ontem mesmo a atitude da direção partidária por entender que ela fere o próprio estatuto do PT. "Essas pessoas querem agora passar por cima do estatuto?
O estatuto é claro em proibir que se legisle em causa própria.
Só posso lamentar que dirigentes tomem atitudes corporativas e dêem as costas à sociedade.
Se se criar esse tipo de jurisprudência no partido, o PT deixa de ser um partido e passa a ser um aglomerado de interesses individuais", acusou.
Ele entende que a renúncia do prefeito em nada apaga a atitude dos vereadores que aprovaram e mantiveram o reajuste de 46,35%. "São duas coisas distintas.
Não podemos pegar a atitude do prefeito e usá-la para apagar a dos vereadores", cobrou.
Embora inconformado, Paulo Rubem disse que não vai fazer do caso um "cavalo-de-batalha".
De acordo com Oscar Barreto, presidente do PT municipal, o diretório entendeu que o documento enviado pelo parlamentar "era inoportuno e ultrapassado". "Esse debate está vencido.
O que o partido tinha que fazer já fez.
A solicitação de Paulo Rubem não dialoga com as discussões que aconteceram no PT e na Câmara", disse.
De acordo com ele, o documento encaminhado por Paulo Rubem sequer chegou ao diretório. "Tivemos acesso por meio da imprensa.
Companheiros criticaram isso, mas decidimos votar mesmo assim", explicou, afirmando que Paulo Rubem está na "contramão" do caso, "já encerrado".
Presidente estadual do PT, Dilson Peixoto lamentou ontem a atitude de Paulo Rubem, de "reacender" a polêmica em torno do reajuste de 46,35% fixado pela Câmara no salário do prefeito João Paulo, mesmo depois de dada uma "solução política" ao caso.
Na avaliação dele, a decisão de João Paulo – de renunciar a 26,35% do aumento – encerra a polêmica. "Infelizmente estamos diante de mais um episódio em que a gente(o PT) tem que ficar se consturando pela imprensa.
Paulo Rubem perdeu uma boa oportunidade de tomar conta das coisas dele, do bom mandato que está fazendo.
Não vejo porque interpelar qualquer um dos nossos vereadores, como se eles tivessem feito algo ilegal ou contrário à ética.
A Câmara decidiu não voltar atrás (no reajuste), mas o prefeito e secretários abriram mão.
Quando a gente já tinha construído uma solução política, vem o deputado reacender o caso", criticou Dilson em entrevista à Rádio Jornal.