Os movimentos sociais e organizações não-governamentais contrários à transposição não pretendem esperar passivamente por uma resposta do governo.

A inclusão do projeto de transposição do rio São Francisco no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somada a declarações de ministros sobre o caráter irremediável da obra deram início a uma forte campanha contra a obra, de vital importância para o desenvolvimento regional Com forte viés ideológico, a pregação teve início após a divulgação da nova campanha da fraternidade da CNBB, que pede a conversação da Amazônia. “As ameaças sobre ambos (Amazônio e o Velho Chico) têm o mesmo endereço: a ampliação dos negócios e a concentração de riquezas”.Por essa lógica, eles teriam que ‘salvar’ o São Francisco, para ajudar a salvar a Amazônia.

Ruben Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), contou ao jornal Brasildefato que as tentativa de impor o início das obras mexeram com o brio da militância. “Desde o início do ano, o governo tomou diversas posturas nesse sentido.

No dia 22 de janeiro, a inclusão da obra – ignorada durante a campanha eleitoral – no PAC foi oficializada; durante as comemorações dos 27 anos do Partido dos Trabalhadores em Salvador (BA), nos dias 9 e 10 de fevereiro, a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff declarou ao Correio da Bahia que o diálogo acerca do projeto tinha sido “levado até o seu limite”; e o ministro Pedro Britto, da Integração Nacional (principal empreendedor do projeto), além de lançar edital para licitar os projetos executivos da transposição, já anunciou várias vezes que as obras poderiam começar ainda em fevereiro, tendo à frente o Exército”, reclamam. “Estamos na mesma linha do frei Luiz Cappio, esperando uma resposta do governo no sentido de retomar o diálogo.

Porém, não dava para ficar calado diante das manifestações do Ministério da Integração.

Acredito que o governo vai tentar tratorar os movimentos.

Tem muita pressão do outro lado: o lobby da transposição (oligarquia cearense e latifundiários do semi-árido que receberiam a água da obra para utilizar em siderurgias e na irrigação em larga escala) e barganhas políticas visando as eleições do ano que vem.

Mas estamos deixando claro nossa vontade de dialogar.

Se o governo ignorar, então tomaremos medidas mais contundentes”, garante Siqueira.