Em entrevista ao ex-Blog do JC, o deputado Alberto Feitosa (PL), antecipando-se ao debate que a Assembléia Legislativa planeja fazer sobre a questão da maioridade, defende a redução da idade para punição penal. “Sou a favor da redução.
O mundo mudou.
A idade de 18 anos foi definida em 1945.
Hoje, um jovem pode votar com 16 anos e não pode ser responsabilizado pelos seus atos?
Não está certo.
Com isso, ele vira mão de obra do crime organizado”, reclama.
Na sua avaliação, quase comum a vários policiais, o Estatuto do Menor é falho. “Ele não responsabiliza o jovem e proíbe que o Estado tire o jovem da rua.
Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes, por exemplo, não permitem que se faça nada.
Acham que é tolher a liberdade dos jovens”, observa.
Na Assembléia Legislativa, o deputado pretende apresentar um projeto prevendo que os estabelecimentos da PM sejam usados para tirar as crianças das ruas. “O Batalhão de Choque já tem 50 alunos que já migraram para o Colégio da Polícia.
De manhã, o colégio serve aos filhos dos oficiais e de noite ele é cedido para a comunidade.
Em Diadema se fez isto, com a autorização dos conselhos tutelares.
Nós podemos fazer também”, sugere. "A realidade já é conhecida.
Nos lembra Notícia de Uma Guerra Particular, de João Moreira Salles.
O que temos que fazer agora é agir", diz.
PS: O documentário citado pelo deputado foi feito por Kátia Lund e João Moreira Salles, retratando o cotidiano dos moradores e traficantes do morro da Dona Marta, no Rio de Janeiro.
Ele traz cenas desconcertantes, como o garoto de dez anos que diz ter prazer em estar perto da morte, o policial que se orgulha em matar, e as crianças que sabem de cor os nomes das armas e suas siglas.
Foi lançado em 1999 e é resultado de dois anos de entrevistas (entre 1997 e 1998) com personagens que estão de alguma forma envolvidos ou vêem de perto a rotina do tráfico.
Entre outros, o documentário ganhou o prêmio de Melhor Documentário Brasileiro e o Prêmio Quanta, ambos no festival É Tudo Verdade (veja a reprodução do cartaz).