Cruzada política pela transposição Jornal A Tarde A convergência de idéias entre os governadores da Bahia Jaques Wagner (PT) e de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) vai muito além da reciprocidade criada para os dias de folia carnavalesca.

Em rápida visita ao Palácio de Ondina, eles falaram ontem sobre a articulação da base de apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva e a disposição de contribuir politicamente para o avanço do projeto de transposição do rio São Francisco.

Eduardo Campos chegou ao Palácio de Ondina por volta das 19 horas.

Acompanhado pela mulher Renata, encontrou-se na residência oficial com o ministro Walfrido dos Mares Guia (Turismo).

O governador pernambucano falou após assistir ao desfile de trios no camarote Expresso 2222, do ministro Gilberto Gil (Cultura), na Barra.

Ele veio a Salvador para retribuir a visita feita sábado pelo governador da Bahia.

Provocados pela reportagem de A Tarde a comentar os obstáculos que cercam as obras da transposição do São Francisco, especialmente agora que o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, pretende retomar os protestos contra o projeto, Wagner e Campos demonstraram sintonia. “Os movimentos sociais que estão contra a transposição deveriam opor-se à política do carro-pipa praticada pelos coronéis nordestinos”, sinalizou o governador pernambucano.

O anfitrião Wagner prosseguiu, assinalando que a população do Nordeste deve estar unida em torno de questões comuns como a necessidade de desenvolvimento e de igualdade social: “Nesse cenário, o acesso a água não pode separar os nordestinos”.

Diante da movimentação retomada por dom Luiz Cappio, o governador Jaques Wagner observou que o seu respeito pelo bispo segue inalterado. “O meu respeito por ele é o mesmo.

A questão é que a população nordestina foi dividida entre explorados e os exploradores.

Os coronéis foram derrotados. É preciso que agora tenhamos essa clareza para não cairmos na armadilha da divisão”.

A rearticulação de dom Luiz Cappio é vista nos meios políticos como o mais novo obstáculo às pretensões do governo de publicar após o Carnaval os editais e iniciar as obras, uma das metas de Lula para o segundo mandato.

Em 2005, o bispo fez greve de fome durante 10 dias.

O então ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) teve de pedir pessoalmente a dom Luís que encerrasse o protesto, sob o argumento de que o presidente Lula estava disposto a ouvi-lo.