Por Giovanni Sandes O prefeito João Paulo evitou ontem polemizar sobre a estratégia de segurança do governo do Estado para o Bairro do Recife.
Assim como no episódio do Balança Rolha, ele atribuiu os incidentes violentos seguidos de assaltos ocorridos no Recife Antigo à condição de desigualdade social vivida pela população recifense.
Isso sem precisar de um cordão de isolamento como mote.
Na última terça-feira, o Blog do JC veiculou um texto deste repórter sobre a moda do assalto-porrada - durante o Carnaval, um grupo escolhia um folião distraído, sozinho, espancava-o e depois levava seus pertences.
Pude conferir uma dessas ações, além de ouvir relatos e até acompanhar registros policiais sobre esse tipo de incidente.
Resolvi ainda na terça-feira à noite voltar ao local de minhas observações (Bairro do Recife, nas imediações do Rec-Beat) para checar a segurança no dia de encerramento do Carnaval e do festival (que teve como ápice o show de Tom Zé).
A atração certamente atrairia milhares para aquela área.
Cheguei por volta das 20h30.
Dividi meu tempo entre o Rec-Beat e rápidos passeios pela Rua da Moeda, com eventuais circuladas por outras vias, como a Rua do Bom Jesus.
Seja por ter circulado muito ou por sorte dos foliões, não testemunhei mais nenhum "batidão" - apelido carinhoso dado à variação violenta da batida de carteira, muito mais "singela".
Mesmo assim, fiquei tenso no Rec-Beat, com a presença praticamente nula de policiamento.
Mas foi na Rua da Moeda onde conferi mesmo ação, com um arrastão ocorrido por volta das 2h30.
João Paulo tratou os incidentes presenciados por mim e outros semelhantes, registrados pela polícia, de forma tranqüila.
Para ele, com milhões de pessoas brincando o Carnaval, é inevitável evitar alguns problemas isolados. "Ocorreram algumas coisas, mas isso não prejudicou o Carnaval.
E a segurança já melhorou muito." O prefeito destacou ainda que entrou em contato com o governo do Estado para estudar como otimizar as ações de policiamento.
Acredito na estrutura festiva e democrática do Carnaval Multicultural.
Mas não creio que seja um argumento válido dizer que casos de violência no Rec-Beat ou na Rua da Moeda sejam imprevisíveis ou inevitáveis.
Digo isso com a propriedade de quem freqüenta e continuará freqüentando a área durante o Carnaval.
Em todas as edições do Rec-Beat, testemunhei (e aqui me incluo também entre os atores) foliões desistindo de acompanhar todo o programa de atrações com medo de assaltos.
Na última terça-feira, terminei desistindo de ver todo o show de Tom Zé.
No próximo ano, espero estar novamente no Rec-Beat, circular pela Rua da Moeda, pela Rua do Bom Jesus e adjacências.
Agora, como folião, espero fazê-lo com tranqüilidade, sem pulso acelerado, sem batidão.