Do G1 O deputado Alberto Fraga (PFL-DF), que nesta quinta-feira se reuniu com um grupo de controladores de vôo, informou que eles estão dispostos a fazer operação-padrão - o que, para eles, significa trabalhar observando os procedimentos de segurança com rigor extremo - durante o Carnaval.

Caso isso aconteça, os atrasos nos vôos são praticamente inevitáveis. "Se preparem, o carnaval pode ser um transtorno violento.

Vai ser o apagão total e ninguém vai conseguir viajar", advertiu Fraga, em discurso da tribuna da Câmara.

A Aeronáutica está preocupada com a radicalização do movimento dos controladores do tráfego de aviões e com a possibilidade de que se repita nos aeroportos durante o Carnaval o caos registrado no fim do ano passado.

O presidente do Sindicato dos Profissionais do Tráfego Aéreo do Rio de Janeiro, Jorge Botelho, disse na quarta-feira (14) que há "insatisfação generalizada" na categoria e confirmou que pode ocorrer apagão aéreo nas centrais de controle instaladas em Brasília, Rio, Salvador e Curitiba.

Setores do governo apostam que a ameaça de operação-padrão é um blefe promovido por alguns poucos controladores interessados em desmilitarizar o setor.

Em nota, o Comando da Aeronáutica afirmou que "está atento ao incremento de movimento de aeronaves no período do carnaval e tem se preparado de modo a permitir que o controle de tráfego aéreo seja adequado a essa situação".

De acordo com a FAB, essa adequação da quantidade de tráfego aéreo ao adequado número de controladores "tem acontecido diariamente" e vem proporcionando um serviço seguro. "Não precisa fazer nada para ter atraso no Carnaval.

O sistema apresenta problemas sozinho e não agüenta o aumento do número de vôos que acontece nos feriados porque não tem pessoal suficiente para operá-los, os radares estão sempre com restrições de operação e as freqüências usadas na comunicação por rádio entre controlador e piloto continuam falhando", disse Botelho. "Se chover, pior ainda." O diretor da Associação Brasileira de Controle do Tráfego Aéreo (ABCTA), Ulysses Fontenele, declarou que "a paciência do pessoal está se esgotando" e que não sabe se conseguirá segurar os mais radicais. "Estamos preocupados também com quem não é filiado a nada", afirmou ele, que, a exemplo de Botelho, teme que possam ocorrer ações isoladas.

Todos foram unânimes em advertir que os controladores vão trabalhar dentro das normas de segurança e não aceitarão "dar jeitinho" como muitas vezes os coordenadores querem, para monitorar mais vôos do que os 14 máximos previstos pelas regras.

Os controladores lembram que este número de 14, é seguido quando as condições técnicas estão em pleno funcionamento, ou seja, os radares da área em operação e as freqüências de rádio funcionando sem interferências.