Da Folha Online A Petrobras registrou em 2006 o maior lucro entre as empresas de capital aberto da América Latina, segundo cálculos feitos pela consultoria Economática.
A Petrobras, maior empresa brasileira, anunciou hoje que obteve lucro recorde de R$ 25,9 bilhões no ano passado, o que representa alta de 9% em relação a 2005 (R$ 23,7 bilhões).
Segundo dados da Economática, fazendo a conversão para dólares, de acordo com a cotação da ptax –média diária da divisa norte-americana– de 31 de dezembro de 2006, o lucro da Petrobras atingiu US$ 12,123 bilhões no ano passado, maior pelo menos dos últimos 20 anos.
Entre as grandes empresas de capital aberta da América Latina, de acordo com a consultoria, só falta basicamente divulgar resultados a mineradora brasileira Vale do Rio Doce, que não deve ultrapassar a Petrobras.
A mineradora deve divulgar balanço financeiro referente a 2006 no dia 3 de março.
Apesar de robusto, o resultado da Petrobras, em reais, ficou menor do que a estimativa de analistas ouvidos pela Folha Online.
A corretora Brascan acreditava que o lucro da empresa de petróleo chegaria a R$ 28,3 bilhões.
Já o Crédit Suisse apostava em R$ 27,1 bilhões e a corretora Ágora, em 26,9 bilhões.
Nos nove primeiros meses do ano os ganhos haviam atingido R$ 20,7 bilhões.
O lucro do quarto trimestre atingiu R$ 5,2 bilhões, uma queda de 27% em relação ao terceiro trimestre.
Segundo a Petrobras, o resultado foi prejudicado pela queda dos preços do petróleo no mercado internacional, que tiveram uma redução média de preços de 14%.
A corretora Brascan lembra, entretanto, que apenas 40% dos preços da Petrobras variam de acordo com o mercado externo, caso de produtos como o querosene de aviação, a nafta e o óleo combustível.
Já combustíveis como o diesel e a gasolina, que representam 60% da receita da Petrobras, não sofrem alterações de preço desde o final de 2005.
Ao justificar a queda do lucro, o banco Crédit Suisse mencionou em relatório outro fator: o aumento dos custos da empresa devido à baixa utilização de três plataformas, a P-50, a FPSO Capixaba e a P-34.
Hoje, entretanto, as ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas da Bovespa, operam em alta de 1,24%, para R$ 44,80 (cotação das 11h25), valor ainda baixo comparado ao de algumas semanas atrás.
Na semana passada, os papéis registraram perda de 5,28% e ontem caíram mais 1,22%.
No ano passado, a receita da Petrobras alcançou R$ 158,2 bilhões, o que representa um aumento de 16% sobre 2005.
Já os investimentos da empresa atingiram R$ 33,7 bilhões, uma alta de 31% sobre 2005.
Para a corretora Brascan, o aumento exagerado dos investimentos da Petrobras representa um risco para a empresa.
A instituição financeira lembra que a Petrobras pode ser obrigada a elevar demais os investimentos devido ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), "o que fomenta certa incerteza".
A produção média de petróleo e gás da Petrobras no Brasil em 2006 foi de 1,777 milhão de barris por dia e o país não conseguiu atingir a auto-suficiência sustentável no ano passado.
No ano anterior, a média ficou em 1,684 milhão de barris por dia.
No mês de dezembro, a produção cresceu 1% sobre o volume produzido no mesmo mês do ano anterior e chegou a 1,832 milhão de barris por dia.
Segundo a estatal, as principais razões para o aumento da produção são a entrada em operação dos poços ABL-68 e ABL-11, interligados à plataforma P-50 (Albacora Leste), e à entrada em operação da plataforma P-34, no Campo de Jubarte.