Do Jornal do Brasil A geografia de poder do PFL mudou depois das últimas eleições e gerou uma discussão interna no partido.
Na visão dos liberais, o fator Lula, com o Bolsa Família, foi o que mais contribuiu para a perda de terreno dos caciques no Nordeste, região tradicionalmente dominada pela legenda.
E é para lá que PFL quer voltar.
Essa é a missão de uma nova geração que ganhou poder na legenda, com destaque para o deputado federal Rodrigo Maia, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
Esse grupo começa um movimento interno para fortalecer o partido com vistas às eleições municipais do ano que vem - o primeiro teste.
Ao passo que investe em novos quadros, o PFL muda as estratégias.
Os liberais são contra o Bolsa Família do jeito que é concedido.
Acreditam que o benefício deve ser aperfeiçoado e vinculado a mais programas sócio-educativos, para "dar a vara de pescar, não o peixe", sentencia Arruda. É essa bandeira - carona no projeto petista, com novo molde - que o partido vai encampar. - O PT depende hoje dos cartões, e quem ficou preso nessa armadilha foi o próprio PT - analisa Arruda. - Isso foi uma coisa ruim para o PFL, que diminuiu de tamanho.
Temos de encontrar a maneira de traduzir o nosso programa partidário para a sociedade. - Estamos dando oportunidade para que Onix se fortaleça e dispute a prefeitura de Porto Alegre - adianta Rodrigo. - No Nordeste, ainda temos possibilidades no Recife, com Mendonça Filho, em Salvador, com o deputado José Carlos Aleluia; em Manaus, com Pauderney Avelino; e em Fortaleza, com Moroni Torgan.
Desde a derrota nas urnas em 2004, com a perda de muitas prefeituras no Nordeste, o PFL começou a repensar suas diretrizes - e a perda do governo na Bahia ano passado acelerou as mudanças.
O primeiro passo se deu semana passada: PFL agora é Partido Democrata (PD) (a partir de março).
Segundo Arruda, os caciques nordestinos foram importantes, mas é hora de novos nomes tocarem os projetos. - O PFL era conhecido como legenda dos caciques do Nordeste.
Hoje, é um partido mais para o Sul.
Antonio Carlos Magalhães, Marco Maciel e Inocêncio de Oliveira construíram sua época e fizeram bem.
O PFL é um partido em transformação - diz Arruda.