Do G1 Uma denúncia anônima levou à prisão de dois acusados de matar um menino de 6 anos, que, com o corpo atado ao cinto de segurança, foi arrastado por 7 km durante a fuga dos bandidos no carro da mãe dele.
A prisão aconteceu na tarde desta quinta-feira, no morro da Serrinha, em Madureira, no subúrbio do Rio, menos de 24 horas depois do crime.
Segundo policiais do 9º Batalhão da Polícia Militar (Rocha Miranda, no subúrbio), os detidos - Diego, de 18, e um menor, de 17 – teriam confessado a participação no assalto que acabou com a morte de João Hélio.
Eles estão sendo interrogados na 30ª DP (Marechal Hermes), para onde foram o Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e o comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo.
Segundo informou há pouco o delegado Hércules Pires do Nascimento, Tiago, de 19 anos, que foi encontrado junto com os dois acusados, está detido na delegacia como testemunha do caso e não tem participação no crime.
O major Malheiros da PM disse também que participaram efetivamente do crime o menor de 17 anos, informação que a polícia ainda não confirmou, e Diego, de 18 anos, que seria o cabeça do crime e estaria ao volante.
Eles teriam alegado que só descobriram o corpo do menino ao abandonar o carro.
Diego já tem passagem na polícia por roubo, enquanto o menor disse que usou uma arma de plástico no assalto.
O crime aconteceu por volta das 21h30 da quarta-feira (7) e chocou pela violência.
A mãe, a filha de 13 anos e o filho mais novo, de 6 anos, foram rendidos na Rua João Vicente, em Osvaldo Cruz, no subúrbio.
As duas, que estavam nos bancos da frente, saíram rapidamente, mas João Hélio permaneceu atado ao cinto quando os bandidos arrancaram com o carro. “Ele deve ter morrido logo no primeiro impacto com o chão ou com a roda traseira do carro”, disse o delegado Hércules Pires do Nascimento, titular da 30ª DP (Marechal Hermes).
Na fuga, os assaltantes dirigiram o carro em zigue-zague, numa tentativa de se desvencilhar do corpo, por quatro bairros do subúrbio da cidade – Osvaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura -, onde a criança e o Corsa foram abandonados numa rua escura, a Caiari.
Pelo caminho, na rota da fuga, moradores da região pediam que os bandidos parassem, mas não foram atendidos.
Uma testemunha, que se identificou apenas como Joyce, socorreu a mãe e a filha logo depois do assalto, levando-as para a delegacia.
Em seguida, disse: “jamais esquecerei o que vi aqui.
O corpo do menino parecia estar num varal”.
O crime mobilizou policiais de três delegacias e do 9º Batalhão da PM, onde 30 soldados decidiram se manter em serviço até capturar os criminosos.
Responsável pelas investigações, o delegado Pires do Nascimento fez um apelo à comunidade, advertindo que o crime só seria resolvido com a ajuda de todos.
As denúncias começaram a chegar ao Disque-denúncia, ao mesmo tempo em que a oferta de recompensa subiu para R$ 4 mil.
O empenho da cúpula da polícia do Rio em resolver o caso foi demonstrado na presença no enterro do Secretário de Segurança Pública e do comandante da PM, coronel Ubiratan Ângelo.
Os dois usaram a mesma expressão para deplorar o crime: “banalização da vida”.
O governador Sérgio Cabral lamentou o crime bárbaro.
O corpo de João Hélio foi enterrado por volta das 16h, no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste, em meio ao desespero da família.
A polícia mantém a identidade deles sob sigilo.
A irmã, de 13 anos, gritou ao ver o caixão descer ao túmulo: “Irmão, desculpa por não ter podido te salvar”.