O ministro da Cultura, Gilberto Gil, é mesmo uma gracinha.

Depois de aceitar dar depoimento sobre os 100 anos do frevo para o pessoal do Caderno C, deste Jornal do Commercio, permitiu que sua assessoria divulgasse para toda a imprensa local as mesmas questões.

Depois, é daqueles que reclama da pausterização da mídia.Mas, o leitor do JC não ficará na mão.

Muito ágil e antenada, a repórter Carol Almeida, do Caderno C, colheu um depoimento exclusivo.

Veja amanhã no Caderno Especial sobre os 100 anos do Frevo que o JC produziu.

Leia aqui no Blog do JC o depoimento divulgado pela assessoria do ministro: JC - Ministro, qual a influência do frevo na sua obra?

Surpreendentemente, eu não tenho uma obra de frevo muito significativa.

Eu tenho apenas um frevo, o Frevo Rasgado.

Não me dediquei, não tive tempo. É um gênero difícil, ainda que muito instigante e estimulante.

Eu diria até convidativo, por vários aspectos, como o estímulo e interesse que ele causa.

Mas é um gênero difícil, um gênero com muita exigência, sofisticado musicalmente, cultivado musicalmente.

O frevo foi cultivado ao longo desses 100 anos por músicos de excelente formação, músicos com exigências muito grandes vindas de um gosto pelo erudito, pelo clássico, pelos gêneros mais sofisticados brasileiros, como o Choro.

Enfim, é um gênero eminentemente musical, ainda que a sua base de formação tenha sido a expressão corporal.

O frevo é uma dança, antes de tudo - como os capoeiras, os maracatus, etc. - que foi desenvolvendo essa presença, esse modo particular especial de dança.

E essa dança foi ao longo dos anos estimulando a sonoridade e a música propriamente dita do frevo.

Essa é uma música muito exigente, assim como a dança, que É muito atlética, acrobática, com muitas exigências corporais.

Eu, portanto, não me qualifiquei muito para cultivar o gênero na extensão que ele merece e que até seria esperado de um compositor que acabou tendo o êxito que eu tive.

Mas, ainda que não componha, gosto muito do gênero, gosto muito de me aproximar dos frevos propriamente pernambucanos, de capina, de outros, dos frevos baianos que foram desenvolvidos mais recentemente a partir dos trios elétricos, dos frevos ligados a grandes compositores e grandes mestres como Jacó do Bandolim e outros.

Enfim, eu gosto muito, mas infelizmente na minha própria obra fico devendo um pouco.

JC - Qual frevo que mais marcou sua vida?

Vários.

Os Frevos do Jacó (cantarolou um frevo que não sei o nome, depois me ligue para dizer qual foi) que é um frevo extraordinário, é um dos frevos mais bonitos que eu conheço.

Também os frevos do Jobim.

E, mais especialmente, um frevo que me marcou muito, que é o Micróbio do Frevo, um sucesso dos anos 50 na voz de Jackson do Pandeiro.

Não é da autoria dele, mas me escapa agora o nome do compositor.

E eu tive a felicidade de regravar agora recentemente para essa comemoração dos 100 anos. É um frevo maravilhoso, bem popular, bem da rua, bem na linguagem da gente simples das ruas brasileiras, das ruas de Recife, de Pernambuco.

Ah, são muitos.

JC - Quais as ações do MinC para a valorização do frevo?

Nós estamos esperando que o Conselho Consultivo do Iphan conceda exatamente o estatuto de Patrimônio Imaterial ao frevo agora na reunião que fará em Recife no próximo dia 9.

Nada mais justo, nada mais meritório, nada mais adequado - do que esse gênero que está fazendo esses 100 anos e tem uma abrangência tão grande na música popular brasileira, que é tão original, um dos gêneros mais originais do Brasil - que ele tenha um estatuto de patrimônio cultural nacional.

Eu acho que o Conselho do Iphan vai conceder esse título ao frevo.