A Transparência Brasil e a União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle divulgaram hoje relatório de pesquisa feita pelo Ibope Opinião sobre compra de votos.

Desde as eleições de 2000 a Transparência Brasil realiza levantamentos pioneiros sobre a compra de votos no Brasil.

As ofertas de compra de votos atingiram níveis alarmantes nas eleições de 2006.

Mais de 8,3 milhões de eleitores foram instados a vender seu voto.

Esse contingente de eleitores é maior do que a soma de todos os votos depositados nos estados de Roraima, Amapá, Acre, Tocantins, Rondônia, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Amazonas.

Só em três estados (RJ, MG e SP) o número de votantes foi maior do que isso.

O Tribunal Superior Eleitoral, que é a autoridade responsável pela integridade das eleições, nada faz para identificar as áreas e os grupos populacionais mais vulneráveis para, com isso, tomar medidas preventivas.

Os partidos políticos fingem que o assunto não é da sua alçada.

O mapa mostra a extensão do problema.

Ofertas de compra de votos em 2006.

Conforme tem sido constatado em todas as pesquisas anteriores da Transparência Brasil, as faixas mais vulneráveis à compra de votos não são os mais pobres ou os menos instruídos, mas os mais jovens.

A cobrança de propinas por agentes públicos estaduais durante os mandatos que se encerraram em 2006 foi reportada por 4% dos eleitores.

Entre as regiões, a mais afetada é a Nordeste, com 7%, seguida da Norte/Centro Oeste com 4%, Sudeste com 3% e Sul com 2%.

Na Norte/Centro Oeste, 12% dos pesquisados não responderam à pergunta, ou disseram não saber - o dobro da média nacional.

A grande maioria dos eleitores avalia bem os antigos governadores e tem boas expectativas quanto aos novos.

Mas um quarto dos eleitores acredita que os governadores cujos mandatos se encerraram em 2006 se aproveitaram do cargo para roubar, e um quinto dos eleitores crê que os novos titulares farão o mesmo.

Entre as regiões, a pior avaliação quanto à honestidade dos governantes vem dos estados do Nordeste.

Um total de 29% dos eleitores consideram que o ex-governador roubou no cargo, e 21% têm expectativa igualmente pessimista em relação aos novos governadores.

Contudo, o "rouba, mas faz" é aceito apenas por uma pequena parcela do eleitorado.

O brasileiro valoriza amplamente a honestidade associada à qualidade administrativa.

Entre aqueles que consideram que o novo governador fará um bom governo, 15% são de opinião de que ele roubará no cargo, enquanto 71% acreditam que a administração será honesta.