Do Blog do Josias Acossado pela acusação de que é o responsável pelas mazelas que roem o patrimônio ético do PT, o Campo Majoritário, grupo do ex-deputado José Dirceu, foi à lata de lixo.
Recolhe os “podres” do PT do Rio Grande do Sul –Estado de Tarso Genro e de Olívio Dutra, dois dos signatários da “Mensagem ao Partido”, texto que evoca a crise moral, para cobrar a “refundação” do PT.
Levantam-se acusações de 2001 a 2002.
Relacionam os cofres do PT gaúcho com o dinheiro sujo do jogo do bicho, do bingo e dos caça-níqueis.
Em timbre de ameaça, aliados de Dirceu afirmam que, se necessário, não hesitarão em usar as informações, num movimento de “legítima defesa”.
Nascida de um texto do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), a “Mensagem ao Partido” incorporou contribuições de três dezenas de petistas.
A parte política do documento escora-se em dois pilares: 1) a crise ética decorreu da ação deletéria do grupo majoritário; 2) para superar a hegemonia desse grupo, é preciso criar um “novo campo político” e recompor a direção. “Não aceitamos que ninguém venha posar de paladino da ética.
Há desvios em todas as correntes do partido”, disse ao blog um deputado do Campo Majoritário. “A direção nacional não ficou inerte diante dos escândalos.
Os dirigentes envolvidos foram afastados, expulsos ou se desligaram do partido.” Em entrevista ao blog, Tarso Genro classificou de “caricatura” a tentativa de reduzir o documento pró-refundação a uma peça anti-Dirceu.
Porém, parte do Campo Majoritário acha que Dirceu serve de escada para escalar a jugular da atual direção.
São dois os cartuchos que o grupo majoritário do PT levou ao tambor.
O primeiro é um episódio de 2001, ano em que Olívio Dutra governava o Rio Grande do Sul.
Arrostou um escândalo vitaminado por um lote de CDs.
Continham conversas telefônicas de petistas com funcionários da Secretaria de Segurança do Estado.
Resultaram numa CPI da Assembléia Legislativa gaúcha.
Descobriu-se que Jairo Carneiro dos Santos, um ex-gestor das arcas do PT gaúcho, usara dinheiro de contraventores do jogo do bicho para comprar o prédio que servia de sede do PT gaúcho.
Nas gravações, Santos diz que Olívio Dutra autorizara a operação.
Depois, em depoimento à CPI, embora as fitas demonstrassem o contrário, negou o envolvimento do governador.
A comissão sugeriu 41 indiciamentos.
Olívio foi isentado.
O segundo cartucho refere-se a um caso de 2001.
Veio à tona em 2003, nas pegadas do primeiro escândalo da gestão Lula: o caso Waldomiro Diniz.
Assessor parlamentar de Dirceu na Casa Civil, ele foi exposto num vídeo gravado à época em que dirigia a Loterj (lotérica do Rio).
Cobrou propina do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Waldomiro recebeu um e-mail de solidariedade de José Vicente Brizola, filho de Leonel Brizola e diretor-geral da Loterg (lotérica gaúcha). “Assim como foste compelido a achacar dinheiro de concessionários públicos em benefício do PT, eu também o fui”, escreveu José Vicente a Waldomiro.
Contou ter sido pressionado por Carlos Fernandes, filho da então candidata do PT ao Senado, a recolher de donos de bingos, videobingos e caça-níqueis dinheiro para o caixa dois do PT.
Emília dividia a chapa majoritária do PT com Paulo Paim, candidato ao Senado, e Tarso Genro, postulante ao governo do Estado.
Emília negou o malfeito na época.
O próprio José Vicente informou que os nomes de Tarso Genro e Paulo Paim jamais foram referidos nas conversas que presenciou.
Ainda assim, petistas do Campo Majoritário avaliam que o caso evidencia que o grupo pró-reformas não teria legitimidade reivindicar o monopólio da ética.
A autofagia petista ameaça transformar o 3º Congresso do PT, em julho, em palco de uma inédita lavagem de roupa suja.
Haja sabão.