Apesar de aliado de Lula, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, fez hoje críticas ao Programa de Aceleração da Economia (PAC). “O plano tem problemas.

Alguns defeitos de fabricação”, observa.

Um dos problemas que ele cita é a falta de direcionamento da reforma tributária. “Na situação atual, o governo tira recursos do setor privado com impostos, mas o setor público não devolve esses recursos para a economia porque investe pouco.

O dinheiro é dissipado com gastos correntes”, observa.“Temos que completar o ciclo de reformas que não se fez.

Umas das reformas essenciais é a da previdência social”.

Ele sugere que a idade mínima para a aposentadoria seja elevada, por exemplo. “O mundo todo está elevando.

No Brasil, ainda se adquire esse direito precocemente.

As pessoas estão vivendo mais, felizmente (então, poderiam trabalhar e aposentar-se mais tarde)”, analisou.

O dirigente da CNI cobrou ainda a redução dos juros, em uma velocidade maior, sem o que não seria possível ampliar investimentos, como quer o governo Federal, com o PAC. “É verdade que não dá para baixar os juros por decreto, mas é possível tomar medidas para reduzir o spread (margem de lucro) bancário, com mais competitividade e reduzindo a carga fiscal sobre o crédito.

O juro não é a causa, mas o efeito. É como a febre, ela é fruto de desajustes que foram acumulando-se ao longo dos anos”.

No ar, em debate hoje cedo na Rádio JC/CBN, Armando Neto revelou que sugeriu, na semana passada, ao ministro da Fazenda, Mantega, dois pontos para ajudar a baratear o crédito.

Um deles é a revisão dos depósitos compulsórios, recursos que o BC exige que os bancos recolham, retirado-os de circulação.

Caso ocorra uma flexibilização, o preço do dinheiro poderia cair, com mais oferta na praça. “Como está hoje, com poucos recursos disponíveis, os bancos querem ampliar os spreads para ganhar mais, pois existem poucos recursos disponíveis para empréstimo, em função dos compulsórios”.

A segunda sugestão foi o alongamento dos prazos de recolhimento dos impostos. “Os empresários vendem em 45 dias, mas em 20 dias já tem que recolher os impostos.

O capital de giro vai todo para o governo”, afirmou.