Do Blog do Josias A uma semana de comemorar 27 anos de existência, o PT arrosta mais uma crise interna.

Foi provocada por um documento escrito por Tarso Genro.

Chama-se “Mensagem ao Partido”.

No texto, o ministro das Relações Institucionais desanca o “Campo Majoritário” -tendência que comanda a legenda-, ressuscita a crise do mensalão e volta a esgrimir a tese de que só uma “refundação” autêntica recolocará nos trilhos o partido de Lula.

Abespinhados, líderes do “Campo Majoritário” pintaram-se para a guerra.

A reação é comandada pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini, cuja substituição é insinuada no texto de Genro.

O contra-ataque virá na forma de um segundo documento.

A redação final foi confiada a Marco Aurélio Garcia, devolvido à assessoria internacional de Lula depois de ter substituído Berzoini na presidência do partido durante a crise do dossiêgate.

A batalha dos documentos desaguará na próxima reunião do diretório nacional do PT.

Será realizada em Salvador (BA), no dia 10 de fevereiro.

Na noite da véspera, também na capital baiana, o PT festejará o 27º aniversário de sua fundação, num jantar com a presença de Lula.

O presidente observa a encrenca à distância.

Nos subterrâneos, dá corda a Tarso Genro.

Mas evita envolver-se diretamente no arranca-rabo.

O documento de Tarso Genro está em sua terceira versão.

A penúltima tinha cinco laudas.

A última, que incorpora contribuições de luminares de correntes mais à esquerda do petismo, tem sete folhas.

Foi vazada em termos ácidos.

Afirma que o PT ainda não superou a crise ética que rói a sua reputação desde 2005.

Uma crise, anota o documento, “de corrupção ética e programática.” Não foi, nas palavras de Genro, algo “apenas conjuntural.” Não decorreu “apenas de desvios comportamentais.” Tampouco resultou de “meros abusos de poder e de confiança.” Foi provocada por “um modo de construção eleitoralista”, e pelo afastamento do PT “das organizações de base e do mundo do trabalho” e “da utopia socialista.” O nome de José Dirceu (PT-SP) não é mencionado uma única vez.

Tarso Genro chega mesmo a anotar que suas constatações não visam “incriminar indivíduos”.

Mas a sombra do deputado cassado, chefe da “quadrilha dos 40”, nas palavras do procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, perpassa o texto do ministro.

Dirceu é sócio fundador do “Campo Majoritário”. É ele o dínamo de uma crise que, para Genro, o PT “ainda não superou”.

Na gênese do tufão, o ministro enxerga “a hegemonia absoluta de um núcleo dirigente que ditava as regras partidárias” em processo decisório “alheio às instâncias do partido.” A “grave crise ética e política”, escreve Genro, chega mesmo a “ameaçar a sobrevivência do PT.” Para superar a crise, além da substituição da atual direção do PT, o ministro defende a formação do que chama de “novo campo político” no interior do PT.

Uma maioria partidária capaz de oxigenar as relações internas e restabelecer o diálogo entre as diferentes tendências abrigadas sob o guarda-chuva da legenda.

Como antídoto contra as “verbas não contabilizadas” da era Delúbio Soares, prega que o partido volte a se financiar “predominantemente” com as contribuições de seus filiados.