Do Blog do Josias Poucos políticos festejaram tanto o triunfo do petista Arlindo Chinaglia quanto o deputado cassado José Dirceu (PT-SP).
Embalado pela acomodação do companheiro de partido na cadeira de presidente da Câmara, Dirceu programa para o início de março o lançamento de uma campanha para tentar reaver os seus direitos políticos, anulados até o ano de 2014.
Em reserva, Dirceu revelou a petistas que privam de sua intimidade detalhes de sua estratégia.
Para difundir a causa, levará à internet um sítio pró-anistia.
Ali, será retratado como vítima de uma vendeta política.
Venderá a tese de que seu mandato foi passado na lâmina sem provas de que tenha delinqüido.
Pretende levar à rede também manifestos de celebridades e intelectuais brasileiros e estrangeiros favoráveis à revisão de sua pena.
Divulgará ainda as peças de defesa que seus advogados anexarão à ação movida no STF pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Um processo em que é acusado de ter chefiado a “quadrilha dos 40”, que operou o mensalão.
Para legitimar a anistia, Dirceu tenciona protocolar na Mesa da Câmara, agora sob a batuta de Arlindo Chinaglia, um projeto de lei endossado por 1 milhão de assinaturas.
Os advogados do deputado analisam os termos do projeto.
Já verificaram que, pela lei, não bastam as assinaturas.
Será necessário comprovar que os apoiadores existem.
Os signatários do projeto terão de fornecer nomes, endereços e números de títulos eleitorais.
Dirceu diz que recorrerá ao auxílio de movimentos sociais como o MST, entidades como a UNE e sindicatos filiados à CUT.
Acionada a rede pró-anistia, planeja instalar bancas de coleta de assinaturas em todo país.
Dirceu trama a obtenção do apoio formal do PT à anistia.
Não será simples.
Exceto pelo Campo Majoritário, grupo a que pertencem o próprio Dirceu e o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), o restante das tendências abrigadas sob o guarda-chuva do PT torce o nariz para a idéia de vincular a sigla a um movimento de cunho pessoal.
O plano de Dirceu é levar o projeto da anistia à Câmara antes do recesso parlamentar do meio do ano.
Afirma, em reserva, que dispõe do compromisso de Arlindo Chinaglia de levar a proposta a voto.
Embora não pertença à corrente de Dirceu, Chinaglia, de fato, declarou, ainda em campanha, que não deixará de submeter ao plenário uma proposição que chegue à Casa escorada no apoio popular. “A decisão será do Parlamento, não minha”, diz ele.
Aos pouquinhos, Dirceu vai sendo reintegrado às atividades partidárias.
Sua primeira aparição pública depois da eleição de Chinaglia será nos próximos dias 8 e 9 de fevereiro, em Salvador.
Será o palestrante de honra do seminário “Socialismo democrático e a esquerda na América Latina”.
O evento marca o início dos debates que irão desaguar no 3º Congresso do PT, em julho.
No dia 9 de fevereiro, enquanto Dirceu estiver autografando um livro, resultado de palestra que fez em abril de 2006, o PT iniciará, na mesma Salvador, os festejos de seu 27º aniversário.
A festa vai até o dia seguinte.
Lula estará presente.
Não se sabe, por ora, se Dirceu dará as caras.