Da Folha Online O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira que espera nacionalizar até o dia 1º dos consórcios petroleiros que operam na região do Rio Orinoco, onde está localizada a principal reserva petroleira venezuelana.

Entre as companhias que operam na região do Orinoco e devem ser afetadas estão as multinacionais Chevron, ExxonMobil, Conoco Philips, Statoil e BP.

Os quatro projetos dos quais participam essas companhias produzem 600 mil barris de petróleo cru por dia.

Falando em entrevista coletiva à imprensa, Chávez –que recebeu do Congresso esta semana poderes especiais para governar por decretos nos próximos 18 meses– também disse que uma de suas prioridades agora será nacionalizar, além dos consórcios petroleiros, as empresas do setor elétrico e de telefonia.

Ele disse que um dos primeiros decretos de nacionalização será o da empresa Eletricidade de Caracas e suas filiais. "Faço leis para as maiorias e claro que algumas leis poderiam afetar uma minoria enriquecida.

Foi um erro haver privatizado ou deixado em mãos privadas o setor elétrico", afirma Chávez.

O presidente venezuelano garantiu que todos os acionistas da empresa serão indenizados. "Será uma empresa estatal e de propriedade social", explicou.Bush "deveria renunciar" O presidente venezuelano iniciou a entrevista coletiva para a imprensa realizada respondendo ao presidente dos Estados Unidos, George.

W.

Bush, que disse estar preocupado com a democracia venezuelana.

Chávez disse que Bush deveria se preocupar com os pobres de seu país e que deveria renunciar por falta de capacidade "moral". "Preocupe-se pelo [FURACÃO]Katrina, pelos pobres dos EUA.

O presidente dos EUA, se tivesse um pouco de dignidade, deveria renunciar.

Ele [BUSH]já não têm capacidade moral para governar", disse Chávez.

DemocraciaSobre a Lei Habilitante [que o autorizou a governar por decretos], o presidente venezuelano explicou que as prioridades serão acabar com a pobreza em seu país e aumentar o "poder popular".

Para justificar o caráter democrático dos novos decretos a serem anunciados, Chávez se deteve pelo menos durante 20 minutos para explicar que constitucionalmente qualquer lei decretada poderá ser anulada pela população.

Para isso, será necessário recolher assinaturas do equivalente a 5% (ou cerca de 800 mil venezuelanos) do eleitorado. "Aqui sim o povo tem o poder originário.

Se eu falhar podem me tirar daqui com um referendo revogatório ou podem anular as leis que eu aprovei", disse.

Essa é a terceira oportunidade em que Chávez utiliza o recurso da Lei Habilitante para implementar suas reformas.

Em 2001 a aprovação das Leis Habilitantes de Terras, Pesca e Hidrocarbonetos foi um dos pivôs que deu origem ao fracassado golpe de Estado liderado pela oposição em 11 de abril de 2002.

PetrobrasA Petrobras informou que as operações da empresa no país não serão afetadas pela decisão de Chávez de nacionalizar o setor, porque todos os projetos da estatal brasileira na Venezuela já são em parceria com a companhia do governo de Caracas, a PDVSA, e já estão adaptadas às novas regras, que exigem que a estatal venezuelana tenha o controle da operação.