Falta pouco.

Finalmente a rica coleção de arte do Banco ABN AMRO Real será apresentada aos pernambucanos.

Será depois do Carnaval, em meados de março, mas o Blog do JC antecipa com exclusividade para os seus internautas tudo sobre a exposição Arte Moderna em Contexto, com os mais expressivos artistas plásticos brasileiros.

São mais de 70 obras de arte selecionadas entre mais de 900 peças.

Elas fazem parte de um grande acervo, criado com a fusão de quatro bancos, América do Sul, Sudameris, Real e o próprio ABN AMRO.

Os dois primeiros são os principais responsáveis pela maior parte do acervo, aquele mais histórico, porque, sendo os bancos mais antigos, foram os principais compradores da grande leva de artistas que desembarcou em São Paulo, na 2ª Guerra, especialmente oriundos das colônias japonesa, italiana e franceses.

Nomes como Tomi Otaki e Manabu Nabi, disputados hoje no mercado de artes, são um exemplo. “Para nós, é uma alegria poder juntar o que há de mais representativo na arte moderna brasileira, numa só exposição???, conta a curadora da mostra, Elly de Vries. “Dado seu relevante valor cultural e histórico, era preciso compartilhar a coleção com a sociedade???, diz.

Para os recifenses, uma das principais alegrias da exposição são as três peças de C?cero Dias, pintor pernambucano nascido em Escada em 1907 e falecido em Paris, na França, em 2003.

A mais emblemática delas é a tela Baile no Campo, de 1937, evocando os carnavais e o apartamento social entre trabalhadores e a casa grande (atual, não?).

Do pintor famoso, há ainda uma serigrafia colorida sobre papel, sem t?tulo, também sobre o mundo dos canaviais.

As memórias do menino de engenho também se fazem presentes na planta baixa que ele desenhou para ilustrar a primeira edição do livro Casa Grande e Senzala, publicado em 1933, no Rio de Janeiro, pelo escritor e sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987).

O livro clássico pertence ao bibliógrafo paulista José Mindlin.

A mesma exposição já foi vista em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Neste momento, a coleção está dando adeus à cidade de Curitiba, onde fica até o dia 25, depois de ter aportado por lá desde o final de novembro. É uma das principais praças do banco, como o Recife.

Na capital pernambucana, a exposição marca a reinauguração do antigo Instituto Cultural Bandepe, agora rebatizado de Instituto Cultural Banco Real, com a mudança da marca por aqui.

A programação visual da mostra – que o internauta já vê nos tapumes do instituto e na foto que abre a galeria de fotos acima – é toda ela montada na pintura Figura (1948), de Milton Dacosta, um dos ?cones do construtivismo brasileiro.

Segundo especialistas, suas obras abstratas e geométricas, da metade da década de 50, são extremamente originais e importantes para essa escola de pintura no Brasil.

O trabalho de restauração e catalogação durou um ano.

O requinte da mostra – visitada pelo Blog do JC com exclusividade em Curitiba - é tão grande que coloca à disposição dos deficientes visuais um catálogo em braile, além de quatro totens onde é poss?vel apreciar as obras com o tato, pelo relevo.

Além de obras fugurativas e abstratas, a coleção apresenta publicações, publicidade, objetos decorativos e utilitários do cotidiano que evocam o universo sócio-cultural em que foram criadas.

Veja nas fotos: 1 - Figura, de Milton Dacosta 2 - Baile no Campo, de C?cero Dias 3 - Sem t?tulo, de C?cero Dias 4 - Ilustração de C?cero Dias para obra de Gilberto Freyre 5 - Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. 6 - Estudo para painel Pau-Brasill, de Portinari