Da Agência Estado Os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) vão influenciar o PSDB a exercitar uma postura de oposição ao governo federal, mas sem atacar ostensivamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Candidatos naturais à Presidência da República, os dois sabem que em 2010 Lula não poderá ser candidato, mas desfrutará a condição de eleitor privilegiado - e ambos perseguem o seu apoio.

Essa dicotomia pol?tica chacoalhou o tucanato nas duas últimas semanas.

O primeiro episódio a marcar um movimento do principal partido de oposição na direção de Lula foi o apoio anunciado pelo l?der na Câmara, Jutahy Júnior (BA), muito ligado a Serra, ao petista Arlindo Chinaglia na disputa da presidência da Câmara.

A manobra, no entanto, foi rejeitada por parcela expressiva do partido, que viu, por trás do apoio, os dedos de Serra e Aécio.

O chefe da Casa Civil de Serra, Aloizio Nunes Ferreira, rebate as acusações e diz: “O vigor oposicionista de Serra se evidenciou com clareza no seu discurso de posse???.

A ameaça de racha foi solucionada a partir do momento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - que não detém poder real, mas tem força moral - divulgou uma nota condenando o apoio ao petista.

FHC, que defendia o comunista Aldo Rebelo, reverteu a situação.

Mas se sabe que nos bastidores assessores de Serra pressionaram para que deputados tucanos não optassem pelo candidato próprio, enquanto Aécio, em férias nos EUA, mantinha-se à distância.

Aloizio admite ter dado sua opinião pessoal a alguns deputados, mas garante que Serra não se manifestou: “Dei apenas a minha opinião de deputado que ainda sou???.

Serra e Aécio têm em conta que o candidato tucano para 2010 deverá cumprir três mandamentos: ostentar uma marca de esquerda (para quebrar a pecha de “partido de direita??? do PSDB), defender teses populares (para contrapor às pol?ticas petistas) e ter o apoio de Lula ou, pelo menos, não ser visto como um inimigo dele.

Serra tem dito a amigos que a postura oposicionista só se evidenciará com a prática.

Mas muita gente no partido reclama uma atitude oposicionista bem visceral, que não poupe Lula.