Do Blog do Josias Começam a ser despachas neste sábado as 512 cópias da carta escrita por Arlindo Chinaglia (PT-SP), para pedir votos aos colegas.

Em campanha pela presidência da Câmara, o deputado incluiu no texto um parágrafo que deve agradar à maioria de seus colegas, mas soará polêmico aos ouvidos do público externo.

Chinaglia promete defender a Câmara e seus pares dos “ataques injustos??? da m?dia.

Anota o seguinte: “Devemos valorizar os meios de comunicação.

Temos o esp?rito aberto para as cr?ticas.

Até porque não há compromisso com o erro.

Mas temos também o esp?rito da verdade: não assistiremos passivamente ataques injustos à instituição ou aos parlamentares???.

O próprio Chinaglia reconheceu, em privado, que “esse é o trecho mais perigoso??? da carta que dirigiu aos parlamentares.

Ele evitou detalhar o seu racioc?nio por escrito.

Não há no texto nenhum exemplo de “ataque??? que, numa eventual gestão Chinaglia, mereceria, por “injusto???, uma reprimenda da presidência da Câmara.

Reportagens sobre o mensalão e os sanguessugas, por exemplo, ensejariam uma reação?

Confrontado com a dúvida, Chinaglia arriscou-se, em diálogo travado entre quatro paredes, a mencionar uma modalidade de “injustiça??? que, se eleito, não hesitaria em refutar. “A Hebe Camargo costuma fazer ataques aos parlamentares no programa dela???, afirmou o deputado. “Sei disso porque me dizem, não assisto ao programa.

Ela diz que os deputados são ladrões. É injusto.

Ou ela prova quem é ladrão ou ela não pode dizer uma coisa dessas.

Não pode jogar todo mundo na mesma vala???.

Hebe mantém um programa de auditório no SBT.

Vai ao ar nas noites de segunda-feira.

De fato, a apresentadora tem o hábito de dirigir criticas ácidas ao Congresso e aos pol?ticos, sempre sob aplausos da platéia.

No final da década de 90, Hebe chegou a criar o “Troféu Peroba???.

Concedia-o a “pol?ticos corruptos???.

Veiculada durante várias semanas, a “homenagem??? foi cancelada a pedido da direção da emissora.

Na carta dirigida aos colegas, Chinaglia reconhece que a atual legislatura, apesar de ter aprovado projetos importantes, não deixa um legado de boas lembranças.

Sem chamar as crises pelo nome, ele escreve que o ciclo legislativo que se encerra no final do mês foi marcado por episódios de “muita tensão??? e até de “sofrimento.???

O candidato petista admite que, graças à seqüência de crises, a Câmara ficou com a imagem “bastante desgastada??? na sociedade.

Algo que, segundo anota na carta, é ruim para todos os deputados, associando indistintamente os mandatos a uma imagem coletiva de descrédito.

Chinaglia promete que, se eleito, vai trabalhar para que o Legislativo se torne mais atuante, soberano e, em conseqüência, mais respeitado.

Defende a harmonia entre os poderes da República.

E acena com a preservação da independência da Câmara.

Uma resposta aos que afirmam que sua vitória submeteria a Câmara aos interesses do Palácio do Planalto.Chinaglia terminou de assinar as cópias da carta no meio da noite passada.

Deu ordens à sua assessoria para que o texto seja despachado neste sábado (20), pelo Correio.

Espera que todos os colegas recebam o documento até o meio da tarde de segunda-feira (22), quando faltarão escassos dez dias para a eleição em que os deputados escolherão entre ele, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR).