Por Ta?za Brito A trajetória de Ana Leopoldina dos Santos, a Ana das Carrancas, uma das mais talentosas artesãs de Pernambuco, enfim está em livro.

A dama do barro, do jornalista Emanuel Andrade, que será lançado hoje, 19h, na Livraria Cultura, no Paço Alfândega, conta a saga da mulher que durante mais de 50 anos esculpiu em barro as famosas carrancas do São Francisco.

No dia em que a história ganha as livrarias, a ceramista que é Patrimônio Vivo de Pernambuco e detentora da Ordem do Mérito Cultural estará a um mês de completar 84 anos.

Lamentavelmente, por razões de saúde, impedida de manusear a matéria-prima de suas criações.

O interesse de Emanuel Andrade pela história de Ana das Carrancas foi despertado em 1995, quando o jornalista entrevistou a artesã para escrever uma das reportagens do caderno especial de aniversário de 100 anos de Petrolina, produzido pelo Jornal do Commercio. “Gostei dela à primeira vista.

Ana é uma mulher iluminada, tem um perfil cinematográfico, nunca frenqüentou uma escola de arte e fez da argila sua obra de vida e o sustento da fam?lia. É uma das maiores personagens populares de todo o Sertão e e merece ter a história contada???, declara o jornalista.

O livro – que tem patroc?nio do Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Petrolina, com apoio da Celpe e do Detran – começou a ser escrita há quatro anos, com pesquisa no acervo de reportagens e fotografias do centro que leva o nome da artesã, no Bairro da Cohab Massangano, em Petrolina.

Emanuel também realizou entrevistas com Ana das Carrancas, outros membros da fam?lia, admiradores e curadores de algumas exposições da qual ela participou em Pernambuco, Rio de Janeiro e Bras?lia.

O jornalista dividiu a história de Ana das Carrancas em 13 cap?tulos, iniciando pelo relato da migração a pé feita pela fam?lia da artesã, em 1932, que fugindo da seca percorreu mais de 400 quilômetros de Santa Filomena (então distrito de Ouricuri) – onde Ana nasceu – para Picos, no Piau?.

A narrativa segue pelos caminhos da segunda mudança, desta vez para Petrolina, onde a ceramista “encontrou-se??? com o rio São Francisco, fixando residência definitivamente. “É a? que tudo começa.

Ela se encontra com as carrancas de madeira na proa das embarcações e solta a imaginação para compor suas peças usando a argila???, destaca o autor.

Um dos cap?tulos que Emanuel Andrade destaca é o que trata da história do casamento de Ana e José Vicente.

Deficiente visual, ele é responsável por um dos aspectos mais marcantes da obra da artista.

Os olhos vazados que caracterizam as peças da artesã são em homenagem ao marido, que sempre trabalhou amassando o barro com o qual a esposa fazia suas peças.

Sempre ao lado de Ana das Carrancas, que ficou com os movimentos restritos após sofrer um derrame, José Vicente continua trabalhando junto com as filhas Maria das Neves e Ângela Lima para que a obra da ceramista não desapareça.