Quando era candidato a presidente da República, tudo para Lula era maracutaias e safadeza com o dinheiro público.
O seu vice-presidente, José Alencar, era outro que cobrava a devolução dos recursos públicos desviados da Sudene.No prática do governo, o discurso é outro.
Hoje, o jornal Folha de São Paulo está revelando que o Banco do Brasil, sob a gestão Lula, está dando um perdão bilionário para usineiros do Nordeste Repactuação de débitos ocorre em um dos per?odos mais lucrativos da história para o setor.
O benef?cio atinge ao menos 20 produtores, que têm pago em torno de 5% do devido.
A instituição diz que acordos ajudam a recuperar créditos Oficialmente, em março do ano passado, o governo Lula falava em ‘perigo moral’ para barrar benesses para agricultores.O "perigo moral" é um eufemismo para o desincentivo econômico aos outros agentes econômicos.
A renegociação das d?vidas pode incentivar produtores adimplentes ou devedores de outros Estados a exigir o mesmo benef?cio.
Veja a ?ntegra da reportagem Num dos per?odos mais lucrativos para os usineiros de cana-de-açúcar no pa?s, o Banco do Brasil concedeu ao setor perdão de d?vidas superior a R$ 1 bilhão, segundo documentos obtidos pela Folha.
O benef?cio foi garantido em repactuações de débitos fechadas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo entre 2004 e 2006, referentes a empréstimos e financiamentos contra?dos ou renegociados na década de 90.
De 2003 para cá, o banco selou acordo com pelo menos 20 produtores, a maior parte do Nordeste.
Apenas em quatro casos, a redução no valor alcança cerca de R$ 400 milhões.Dois advogados ouvidos pela Folha com vários clientes nessa situação, que pediram para não ter seus nomes divulgados, disseram que o perdão para os 20 usineiros ultrapassa facilmente R$ 1 bilhão.
O grupo pernambucano União, por exemplo, pagou apenas 1,77% (R$ 3,7 milhões) dos R$ 208,63 milhões que devia originalmente.
Segundo o diretor de Reestruturação de Ativos Operacionais do BB, Ricardo Flores, a partir de 2003 o banco tomou a iniciativa de procurar os usineiros porque o setor entrara numa boa fase com o aumento do consumo de álcool por conta do lançamento de carros bicombust?veis. "Com o "boom" no setor, começaram a surgir as oportunidades para o banco recuperar o crédito", disse.
O setor sucroalcooleiro aumentou seu faturamento de R$ 2,02 bilhões em 2002, em números aproximados, para R$ 7,9 bilhões no ano passado, de acordo com dados levantados pela Tendências Consultoria.
Segundo Flores, cada caso é analisado individualmente. "O objetivo é recuperar o maior valor poss?vel de crédito."Nos acordos fechados até agora, os usineiros têm pago um pequeno percentual do total devido.
Na média, os desembolsos feitos pelos produtores para zerar suas obrigações com o BB têm girado ao redor de 5% do total cobrado pelo banco."Pode parecer um valor pequeno, mas é uma grande vitória para o banco", disse Flores.
Segundo ele, a grande diferença entre o que os usineiros têm pago e o total devido decorre do uso, no passado, de indexadores para corrigir as d?vidas considerados irreais diante da estabilidade econômica a partir do Plano Real (1994).
Flores não nega nem confirma que os abatimentos ultrapassam R$ 1 bilhão.
Apesar de afirmar que nada tem a esconder sobre as negociações e que todas as repactuações são públicas, ele não fala sobre o número global do perdão de d?vidas alegando questões estratégicas e de sigilo bancário.
ExemplosNo caso do grupo União, eram duas escrituras de confissão de d?vida e duas cédulas rurais hipotecárias que somavam R$ 208,63 milhões.
Pelo acordo, pagou R$ 3,7 milhões ao BB, mais o compromisso de repassar ao banco 25% de um crédito que tenta receber do Incra.
O Ministério Público Federal, no entanto, contestou o direito dos controladores da União ao suposto crédito devido pelo Incra, tendo obtido liminar suspendendo o processo de execução.
Se o BB quiser se empenhar para receber esses recursos (cujo valor não foi revelado), as custas processuais ficam por conta do banco.
Os outros três grupos são as destilarias Outeiro e Ba?a Formosa, do Rio Grande do Norte, pertencentes a Eduardo José de Farias, as usinas Cruangi, Maravilhas e Iplanor, em Pernambuco, de José Guilherme de Azevedo Queiroz, e a Companhia Açucareira do Vale do Ceará Mirim, também no RN.Os três grupos conseguiram abatimento total, em números aproximados, de R$ 189 milhões a R$ 255 milhões.
De uma d?vida de cerca de R$ 265 milhões, em valores da época em que os acordos foram fechados, entre 2004 e 2006, pagaram pouco mais de R$ 10 milhões.
No caso da Companhia Açucareira, a empresa não desembolsou nada.
Cedeu o direito ao BB, no valor de R$ 66 milhões, de uma causa contra a União que já teria transitado em julgado.
O banco, no entanto, ainda não recebeu o dinheiro.
PS: o risco é a moda pegar por aqui também.
Em Pernambuco, um grupo de seis usineiros deu um calote no ex-governador Miguel Arraes, depois do chefe do executivo ter aceitado dar garantia para exportações do setor, no seu terceiro governo.
O valor da operação da época era R$ 13 milhões.
A d?vida hoje, já na casa dos R$ 60 milhões, foi jogada para debaixo do tapete, devidamente inscrita como crédito podre na Perpart.
Quem quiser pode conferir nos balanços da estatal.
O usineiro Marcos Queiroz, dono da usina Salgado, de Ipojuca, estava no grupo de exportadores que conseguiu ajuda de Arraes e depois esqueceu de pagar ao Estado.
Na última campanha estadual, literalmente subiu no palanque ao lado do candidato Eduardo Campos, em Ipojuca.