A empresa mineira Tacom, responsável nos últimos oito anos pelo fornecimento da tecnologia para a implantação do sistema de bilhetagem eletrônica da Região Metropolitana do Recife (RMR), em entrevista ao Blog do JC agora de tarde, esclareceu que desde 1998 tem condições de oferecer cartões inteligentes sem contato e todas as fases da bilhetagem para o sistema, mas o Setrans (que representa os empresários de ônibus) não fizeram essa opção.

Logo pela manhã, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Setrans), Luiz Fernando Bandeira de Melo, a diretora da CRT e da Rodoviária Metropolitana, Niege Chaves, e o diretor executivo do Setrans, Alberto Almeida do Nascimento, em outra entrevista exclusiva ao Blog do JC, informaram que a Tacon não evoluiu para a migração, uma boa maneira de reduzir custos para a população.

Com diplomacia, a empresa alerta para preju?zos de recursos públicos, se a licitação que a EMTU está tocando para a modernização do sistema descartar de uma só vez os 700 mil cartões comprados na gestão passada.

Nesta semana que passou, o novo presidente da EMTU, Dilson Peixoto, anunciou que suspenderia a licitação, mas não tomou a decisão de quem vai tocá-la - a própria EMTU ou o Setrans, como ocorre hoje.

Bilhetagem não saiu porque empresários não quiseramA empresa cumpre o que o cliente quer.

Não houve a troca por um sistema mais moderno (com cartões inteligentes e que dispensam contato com as catracas) porque eles não quiseram.

O contrato que assinamos com o Setrans já previa o up grade da bilhetagem.

Eles tinham essa possibilidade à disposição.

Preço dos cartõesO sindicato reclama que os cartões atuais são caros, mas quando eles optaram pelo atual sistema, o valor do cartão era um terço do preço dos cartões sem contato de hoje.

Foi por isso que eles optam por eles. É verdade que existem cartões no mercado com o preço de até 90 centavos de dólar no mercado, antes do custo da personalização eletrônica que é imprescind?vel para a qualidade do sistema.

A média dos cartões sem contato varia entre US$ 1,40 e US$ 1,50, enquanto os cartões com contato custam US$ 1,80.

Economia com transiçãoA Tacom é a única empresa que tem capacidade de oferecer os dois sistemas no mercado nacional.

Essa planta dual pode ajudar a EMTU ou o sindicato a economizar recursos para uma eventual modernização dos 700 mil cartões em utilização no sistema.

São cerca de 400 mil de vale transporte e 300 mil de estudantes e gratuidades.

Eles não precisam ser trocados todos de uma vez e contam com vida útil de dois ou três anos ainda.

Se for feita de uma vez, essa operação pode custar mais de US$ 1,4 milhões, considerando os mais de 700 mil cartões em uso. É uma vantagem econômica que precisa ser levada em conta.

As máquinas atuais da planta já estão programadas para esse uso dual.

No governo passado, foram investidos R$ 6 milhões na compra desses cartões e eles não podem ser jogados no lixo.

Não há ação contra o EstadoA ação que a empresa move na Justiça do Estado é contra o Setrans e não contra o Estado.

O contrato foi assinado com o sindicato e a EMTU foi apenas interveniente.

O valor da ação chega a R$ 37 milhões e não R$ 30 milhões, com divulgado pelo Setrans, sendo referente à atualização do contrato de prestação de serviço assinado ainda em 1998 (quando as empresas pagavam R$ 185 por ônibus).

Ela foi movida no ano passado, assim que o contrato foi rescindido com o Setrans, em março, antes da intervenção da EMTU.

Continuidade dos serviçosA empresa mantém interesse de continuar prestando os serviços e vai disputar a licitação que está sendo montada pela EMTU.

A empresa tanto pode oferecer a tecnologia mais moderna, para o sindicato ou a EMTU, como pode fazer o sistema dual, em uma fase de transição.

Podemos fazer, basta uma solicitação do Setrans.

Veja trecho da entrevista do Setrans logo cedo que espoletou a Tacom.

Polêmica da bilhetagem eletrônicaÉ uma boa maneira de reduzir custos e avançar com a integração do sistema.

Com cartões mais modernos, os chamados cartões de contato (o usuário passa e é feita a leitura eletrônica), podemos reduzir os custos e repassar isso para as operações.

Com a tecnologia atual, pagamos 2,75 de dólar.

Com os cartões mais modernos, o preço cai para 90 centavos de dólar.O contrato venceu em março do ano passado e nós informamos que não ?amos fazer mais com eles, pois era preciso atualizar o sistema, para poder baixar os custos.Só que a Tacon (fornecedora do Estado há oito anos) não evoluiu para a migração.Nós pagávamos R$ 185,00 por ônibus para manter o sistema.

Com a intervenção da EMTU, o preço caiu para R$ 149 por ônibus.

Isso provou que podia ser mais baixo (em favor da população).

A empresa não gostou e acionou o Estado na Justiça, cobrando um ressarcimento de R$ 30 milhões.

Caixa PretaNo sistema atual, as empresas fornecem os dados de forma isolada para o sistema da EMTU, mas não conhece os dados consolidados do sistema.

As estat?sticas tem que ser compartilhadas, para que as empresas possam conhecer a realidade do sistema.