Depois das brigas com o Ministério Público em torno da campanha contra o nepotismo, a Associação Muncipalista de Pernambuco (Amupe) divulga agora há pouco nota oficial em defesa dos 18 prefeitos denunciados nesta quarta-feira pelo ex-procurador-geral de Justiça do Estado, Francisco Sales. É nitroglicerina pura.

Os adjetivos são muito desabonadores para com o procurador.

Em resumo, a Amupe diz que Sales procura aparecer.

Veja a ?ntegra da nota: O CANTO DO CISNE A AMUPE - Associação Municipalista de Pernambuco vem, de público, manifestar o seu veemente repúdio ao tratamento dispensado pelo Ministério Público de Pernambuco, na pessoa do seu ex-procurador-geral de justiça, Dr.

Francisco Sales, a 18 prefeitos pernambucanos, submetendo-os, de forma premeditada e torpe, à execração pública.

Os nomes desses prefeitos foram pinçados aleatoriamente entre os 184 alcaides pernambucanos e distribu?dos, aleivosamente, em categorias de supostas irregularidades, para serem divulgados exatamente no dia em que o ex-procurador repassou o seu cargo ao novo Procurador-Geral de Justiça de Pernambuco, Dr.

Paulo Varejão, que, inclusive declarou, valentemente, à Folha de Pernambuco do dia 11, serem as ações do seu antecessor, "precipitadas".

O Ministério Público de Pernambuco cuja função é essencial ao bom funcionamento do sistema democrático, não merece ser transformado em ribalta, em cirque du soleil, para o exibicionismo c?vico de quem procura as luzes dessa ribalta.

Não se constrói assim a democracia.

Os excessos, mesmo os cometidos em nome da justiça e da probidade, guardam o travo amargo do autoritarismo, da intolerância e da prepotência.

A AMUPE não se envolve com o mérito das questões envolvendo seus associados.

Para isto existem as instituições especificamente criadas para essa finalidade tais como o Tribunal de Contas do Estado, a Controladoria Geral da União e o próprio Ministério Público.

O que para a AMUPE, e para toda a sociedade, é absolutamente inadmiss?vel é que não seja respeitado o devido processo legal, o direito ao contraditório, o pleno direito de defesa, e que a punição, se houvesse, seja aplicada por antecipação, em sua forma mais descarnada, que é a execração pública, inamov?vel mesmo que mais adiante o suposto réu venha a provar a sua inocência.

As fogueiras inquisitoriais, o apedrejamento em praça pública, a mão cortada, a marcação a ferro em brasa, ficaram nas profundezas da justiça medieval.

E nem mesmo esses procedimentos bárbaros foram usados por dignitários para promoção pessoal, mesmo tendo nomes como o do tristemente célebre Torquemada sobrevivido na História Clássica.

Numa sociedade plenamente democrática, como desejamos a brasileira, o sistema jur?dico e os procedimentos estabelecidos nos códigos processuais não podem ser transformados em instrumentos de pirotecnia c?vico-legal para massagear egos, criar supostos paladinos da justiça, Cid Campeadores da probidade; pelo contrário demandam aplicação com sabedoria, equanimidade, parcimônia e discrição.

Justiça não é vingança, é justiça.

Não se pode exercê-la com raiva; mas com magnanimidade.

Os 18 prefeitos escolhidos pelo ex-procurador, Dr.

Francisco Sales, para sacrif?cio no ara da Assembléia Legislativa quando do seu show de despedida, não merecem ser julgados em rito sumário.

Merecem ser ouvidos, devem apresentar sua defesa plena, devem ser respeitados como cidadãos, respeitados que são em suas comunidades, onde foram votados e eleitos soberanamente pelo povo.

A justiça, assim praticada, dará a palavra final.

Para ilustrar, em nome dos 18 prefeitos autuados, a total improcedência do tratamento reservado a essas autoridades municipais, citamos o caso do Prefeito de Bu?que e presidente da CODEAM, Arquimedes Valença, respeitado e querido em todo o Estado, ganhador em 2006 do Prêmio Prefeito Empreendedor, a n?vel nacional e estadual, atualmente conduzindo o maior projeto agropecuário do Brasil com a introdução de 9.500 vacas de leite para a recuperação da bacia leiteira do Vale do Ipanema.

Lamentamos que a despedida do ex-procurador não tenha servido de cenário para rememorar o seu honorável curriculum de advogado militante, de defensor de sindicatos e trabalhadores, de homem progressista de idéias avançadas, mas que tenha se transformado em um melancólico canto de cisne, em uma turva vitória de pirro.

AMUPE