Em entrevista exclusiva ao Blog do JC, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Setrans), Luiz Fernando Bandeira de Melo, a diretora da CRT e da Rodoviária Metropolitana, Niege Chaves, e o diretor executivo do Setrans, Alberto Almeida do Nascimento, revelam que os empresários de ônibus estão interessados, sim, em reduzir as tarifas para os usuários, como quer o novo presidente da EMTU, Dilson Peixoto.

Desde que haja redução dos custos, com a oferta de subs?dios federais, como planeja criar o governo Lula.

A entidade também anuncia que não teme a proposta de licitação das concessões de linhas de ônibus, em substituição às permissões precárias que existem hoje, mesmo com a oposição de um ou outro associado. “A gente só precisa ter a garantia nos contratos, com termos de referência claros, pois a mudança pressupõe o fim da arbitragem pol?tica do preço das passagens, como ocorre hoje, além da garantia de equil?brio financeiro dos contratos, a exemplo do que ocorreu com as tarifas da Celpe, depois da privatização???, explicam.

De uma vez por todas, de forma cristalina, os empresários de ônibus esclarecem a polêmica com a empresa Tacon, responsável pela implantação do sistema de bilhetagem eletrônica inconclusa no sistema de transporte atual.

Apóio à redução de tarifasNós concordamos, pois vamos ganhar mais passageiros para o sistema.

Tem muita gente que anda de Fiat Uno e gostaria de economizar andando de ônibus.

Agora, tem que haver a desoneração via os subs?dios. É uma questão de custos.

Se a linha de custos cai, a linha de preços pode descer (portanto, nada de mexer na margem de lucro).

Hoje, quem está pagando é apenas a população.

Tem que haver redução da carga tributária.

Temos que tirar da tarifa o que não é dever da população.

Sem medo da licitação de linhas.O setor como um todo quer e deseja esse avanço.

Alguns poucos empresários do setor são contra.

Não temos medo dos gastos para atender à modernização da frota, pois podemos ir ao BNDES e tomar financiamentos (dando como garantia às concessões).

Quem vai recusar ?

Temos endereço certo e receitas para pagar.

Podemos fazer as obras rapidamente.

Também não temos medo de grupos externos que venham disputar as concorrências, pois conhecemos bem as operações e conhecemos bem os custos locais.

Medo só de aventureirosAgora tudo precisa ser bem claro e definido, para evitar a entrada de aventureiros, como ocorreu com a licitação da CTU (que acabou nas mãos do empresário paulista Ronam Maria Pinto).

Nós chegamos a alertar o ex-prefeito Roberto Magalhães sobre esse risco, mas deu no que deu (quando assumiu a empresa, a CRT descobriu que existiam 648 ações trabalhistas e a empresa não pagava nem os financiamentos dos ônibus que comprou).

Modelo de BogotáDefendemos que se adote o modelo de Bogotá, onde foram feitos vários investimentos públicos, todo o sistema melhorou, a velocidade comercial dos ônibus subiu, ajudou a reduzir custos e foi poss?vel reduzir as tarifas.

O governo estadual deve priorizar os investimentos.

Frescão vai voltarAqueles ônibus com ar-condicionado foi um teste, em um momento muito espec?fico.

Não podia durar para todo mundo.

Pensamos na volta do frescão, como tem no Rio de Janeiro.

Mas para atender uma demanda espec?fica (de quem pode pagar um pouco mais).

A polêmica da bilhetagem eletrônicaÉ uma boa maneira de reduzir custos e avançar com a integração do sistema.

Com cartões mais modernos, os chamados cartões de contato (o usuário passa e é feita a leitura eletrônica), podemos reduzir os custos e repassar isso para as operações.

Com a tecnologia atual, pagamos 2,75 de dólar.

Com os cartões mais modernos, o preço cai para 90 centavos de dólar.

O contrato venceu em março do ano passado e nós informamos que não ?amos fazer mais com eles, pois era preciso atualizar o sistema, para poder baixar os custos.Só que a Tacon (fornecedora do Estado há oito anos) não evoluiu para a migração.

Nós pagávamos R$ 185,00 por ônibus para manter o sistema.

Com a intervenção da EMTU, o preço caiu para R$ 149 por ônibus.

Isso provou que podia ser mais baixo (em favor da população).

A empresa não gostou e acionou o Estado na Justiça, cobrando um ressarcimento de R$ 30 milhões.

Caixa PretaNo sistema atual, as empresas fornecem os dados de forma isolada para o sistema da EMTU, mas não conhece os dados consolidados do sistema.

As estat?sticas tem que ser compartilhadas, para que as empresas possam conhecer a realidade do sistema.

Confiança em Dilson PeixotoAcreditamos que ele vai levar esse projeto das licitações par frente.

Já foi muito discutido.

Já estamos nos preparando há tempo, pesquisando como se faz no mundo e no Brasil.

Ele conhece bem o sistema e vocês vão se surpreender com sua gestão.

TransparênciaJá levamos muita pancada.

Agora, vamos nos abrir mais.

Algumas vezes, vamos concordar com o governo.

Em outra, vamos ter que discordar.

Não estamos aqui para fazer pol?tica.

Estamos para fazer negócio.

Universidade dos transportesCom a ajuda do Senat, queremos melhorar a mão de obra e, com isso, melhorar o atendimento à população.

Hoje, há uma variação muito grande.

Além de melhorar o serviço para a população, vamos reduzir os custos com desligamentos.