Por Luciano Siqueira*Vice-prefeito do Recife prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /> O segundo governo Lula ainda não começou.
Mas não é porque o presidente se encontra de férias.
A razão é simples e clara: o ato inaugural do segundo mandato será o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que ainda está em fase de formatação e será apresentado no dia 22 próximo.
Nele espera-se que venham traduzidas em medidas concretas e bases orçamentárias definidas as idéias-força que marcaram o discurso do presidente no segundo turno da campanha eleitoral: desenvolvimento com distribuição de renda, ampliação do emprego e dos salários, educação de qualidade para todos e integração do subcontinente sul-americano.
A? é que outra observação se faz oportuna.
Tudo bem, o governo ainda vai começar, porém as tensões internas continuam – precisamente centradas em opções contraditórias sobre os rumos da economia.
Em outras palavras, sobre como promover a tal aceleração do crescimento e ao mesmo tempo preservar os indicadores macroeconômicos estáveis nos padrões atingidos até o momento.
O nó da questão está em que os primeiros indicativos do PAC apontam para significativo incremento dos investimentos públicos orientados para impulsionar as atividades produtivas.
Um montante de R$ 60 bilhões será destinado à infra-estrutura, sendo que uma parte desses recursos virá da redução do superávit primário.
Uma outra parte advirá da flexibilização do controle das despesas correntes.
Por a? se percebe que há um n?tido propósito de inverter a equação que predominou até agora, o crescimento da produção e do emprego passam a ter primazia em relação ao controle fiscal e monetário – que não serão abandonados, mas perderão o status que mantém desde a era FHC.
Isso fere interesses poderosos, sobretudo do setor rentista.
Não é por outra razão que o conservador diário paulista O Estado de São Paulo já protestou em editorial contra o que chama de gastança irresponsável.
No governo, antes mesmo de recomposto o ministério para que tenha a imagem da coalizão, o conflito de idéias – natural e próprio de todo governo às voltas com graves desafios – esquenta.
Mais ainda quando se sabe que na equipe gestora há uma heterogeneidade no terreno das concepções sobre pol?tica econômica.
Isto posto, espera-se que ao anunciar dia 22 o PAC o presidente Lula desça do muro e assuma pessoalmente a decisão pol?tica sobre o rumo adotado. *Luciano Siqueira, 60, médico, é vice-prefeito do Recife há duas gestões.
Foi candidato a senador pelo PCdoB, na última eleição, e deputado estadual em Pernambuco nos anos 80.