O grupo Vicunha, controlado pela fam?lia do Benjamin Steinbruch, quer usar o prest?gio do governador Eduardo Campos junto ao governo Federal para atender aos seus interesses privados.

Na tarde desta terça-feira, o governador teve uma audiência com o grupo paulista, no Palácio do Campos das Princesas.

Quem representou o grupo foi o empresário Ricardo Steinbruch, irmão de Benjamim que cuida da área têxtil.

O irmão mais famoso, Benjamim, cuida da poderosa Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e detém também o controle da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), responsável pelas obras da Transnordestina.

Vai receber dos cofres públicos mais de R$ 4,5 bilhões para construir dois ramais ferroviários, ligando os portos de Pecém (no Ceará) e Suape (Pernambuco) à nova fronteira agr?cola do Nordeste, a partir da cidade de Elizeu Martins (Piau?).

Não se tem not?cia de uma palavra oficial do grupo sobre o trecho pernambucano da obra.

No encontro, no entanto, Ricardo Steinbruch, pediu a ajuda de Eduardo Campos para pressionar a Petrobras com os projetos da Petrobras em Pernambuco.

São dois: a fábrica de PTA e a unidade de fios poy da Citene.

O primeiro soma investimentos de R$ 500 milhões.

O segundo, R$ 300 milhões.

Na fábrica de PTA, a Petroquisa, subsidiária da Petrobras, entra com 50%, enquanto uma tal de Citepe, Companhia Têxtil de Integração de Pernambuco (formada pela Vicunha, Polyenca), entraria com os outros 50%.

Na fábrica de fios de poliéster, batizada de Citene, a Petroquisa também é sócia e detém o controle.

Transparência O grupo é especialista em empreender alto, desde que o dinheiro público chegue na frente. É sintomático que o representante da fam?lia tenha sa?do sem falar com os repórteres dos jornais locais.

Só faltou sair pela porta dos fundos.

O grupo não é muito chegado mesmo a muita transparência.

No ano passado, fecharam a unidade da Vicunha em Paulista, demitindo mais de 500 funcionários, sem um comunicado sequer.

Devem inclusive ter contaminado de alguma forma o governo de plantão.

Não saiu uma linha escrita sequer sobre o encontro no Palácio do Campo das Princesas.

Também nunca teve o menor respeito por Pernambuco, tendo transferido para o Ceará a sede da CFN logo depois de ter assumido o comando da empresa. “A conversa foi sobre o setor têxtil brasileiro, já que o governo federal vai lançar um pacote para estimular a atividade???, confirmou o senador Sérgio Guerra, em conversa com a repórter de Economia Angela Belfort.

No ano passado, nessa mesma área têxtil anunciada como prioritária, não se tem not?cia de uma palavra sobre o fechamento da fábrica de Paulista pelo senador do Desenvolvimento, como Sérgio Guerra elegeu-se.

Por sua conta, o senador Sérgio Guerra (PSDB) garante que tem conversado, freqüentemente, com os empresários da CFN e eles dizem que a prioridade, nas futuras obras da Transnordestina, é a construção do ramal para Suape.

Atraso confirmado No meio empresarial, no entanto, circulam informações de que a CFN faria apenas o trecho cearense, ligando a cidade de Eliseu Martins ao porto de Pecém.

Apesar de toda a alegada prioridade, só na próxima semana - mais de seis meses da cerimônia de lançamento da obra em Elizeu Martins, com Lula ainda candidato - é que a CFN deve anunciar as empresas escolhidas para fazer a contratação dos projetos executivos de três trechos da Ferrovia Transnordestina.

A realização dos projetos executivos é o primeiro passo para a execução das obras e eles devem ser conclu?dos, no m?nimo, em um ano.

Os trechos que terão os projetos contratados são o de Salgueiro-Suape - que é o principal ramal da ferrovia em Pernambuco -, Araripina-Eliseu Martins (cidade que fica no Piau?) e Missão Velha-Pecém.

Os dois últimos ficam no Ceará.

Assim, as obras do principal ramal da Transnordestina em Pernambuco só serão iniciadas num prazo de um ano, depois que projeto executivo for conclu?do.