A emenda saiu pior do que o soneto, como se dizia antigamente.

Ou, mais modernamente, a remenda saiu pior do que a sineta.

Depois de dizer que a Lei Seca seria suspensa (ou terá sido del?rio coletivo dos três jornais locais ?) e voltar atrás, dizendo que está em vigor, o novo secretário de Defesa Social, Romero Meneses, apresentou outra justificativa ris?vel, na sexta-feira passada, em conversa com a reportagem do JC. “Foi suspensa a operacionalidade.

Da lei não, da pol?cia (leia-se a fiscalização pela pol?cia)???, afirmou, em entrevista ao repórter especial Eduardo Machado, de Cidades do JC.

E desde quando um pessoa, mesmo um delegado da Pol?cia Federal, pode escolher que lei cumprir ou não cumprir neste pa?s ?

Trata-se de algo simples, em nossa Constituição.

Ninguém pode alegar desconhecimento da lei, para justificar o seu descumprimento.

Até jornalistas sabem disto.

Lei é lei e nem o governador pode derrubar, pelo menos antes que envie um projeto de lei para a Assembléia Legislativa e consiga aprová-la. “Apenas as diretrizes da operacionalidade da pol?cia, que é uma ação fiscalizatória, estão sendo revistas???, tentou explicar o secretário.

O corpo mole, agora, então é oficial. face=Verdana>Conversei com juristas e eles concordaram que a fala do secretário foi algo \próximo da irresponsabilidade, por \indicar falta de bom senso. “A maneira correta de fazer é juntar especialistas e fazer um balanço.

Ver as estat?sticas e depois tomar uma decisão responsável.

Do jeito que foi colocado, o secretário está chutando sem saber.

Só a razão eleitoral pode explicar essa posição açodada???, comenta um conceituado jurista pernambucano. “Ele pode até ser processado, por estar descumprindo uma lei em vigor???.

Tem outra coisa: onde fica a independência dos poderes ?

Com que cara ficam os deputados que aprovaram a lei ?

Alguns estão colocando a viola no saco, mas o Legislativo continua, e é bom que não seja desrespeitado.

Pelas próprias autoridades.

O próprio secretário Romero Meneses, pelo menos na parte das entrevistas que não desmentiu depois, admite que esse estudo ainda não foi feito nem conclu?do, pelo novo governo, até porque não houve tempo. “Em princ?pio, eu achei a base territorial muito grande e o efetivo não é suficiente para isso.

Em seguida, será feita uma análise se os ?ndices baixaram num n?vel tal que justifique todo esse aparato e que poderia estar sendo usado de outra forma???.

Uma pista poss?vel para estudar a eficácia da Lei Seca seria o Hospital da Restauração, controlado pelo próprio Estado.

Médicos que estão no dia-a-dia podem confirmar que houve redução dos traumas das pessoas que são atendidas com alguma dependência qu?mica (como o álcool) depois da Lei Seca.

Houve até indignação com a fala do secretário (mas isso é outra história). É cedo para um julgamento definitivo, mas em breve vamos ver o comportamento que será adotado pelo novo procurador-geral de Justiça, Paulo Varejão.

Como se sabe, cabe ao órgão exigir o cumprimento das leis.

PS: Só há uma coisa que pode explicar a suspensão da operacionalização da medida de forma convincente e satisfatória.

O grau de corrupção de nossa pol?cia é tão elevado que criou mais um meio para o recebimento de agrados: o famoso dinheiro para o guaraná, por parte dos donos de bares e restaurantes.

Mais isso não foi dito de forma clara.