O governador Eduardo Campos (PSB) assumiu a gestão prometendo muita transparência.
Os secretários, idem.Assim, deve-se acompanhar o comportamento que deve ser adotado pelos novos gestores de Fernando de Noronha.
Quando era secretário de Turismo do Recife, na primeira gestão do Prefeito João Paulo, o empresário Romeu Neves Baptista não fez questão de destacar-se muito neste quesito.
Um exemplo foi a contratação de estudos sobre formas de convivência pac?fica do turismo com os tubarões.
Até hoje, não são conhecidos publicamente os resultados desses estudos nem o que ele mudou para melhor ou pior os destinos da cidade.
Em dezembro de 2004, o Admtec, instituto especializado em gestão empresarial e capacitação, foi contratado sem licitação pela PCR para realizar pesquisas sobre os ataques de tubarão a banhistas e surfistas na RMR.
Veja o que o JC publicou então. “A Prefeitura do Recife (PCR) contratou, com dispensa de licitação, por R$ 350 mil, o Instituto de Administração e Tecnologia (Admtec) para realizar estudos e pesquisas sobre os freqüentes ataques de tubarão aos surfistas e banhistas na região metropolitana.
Criado e mantido por professores ligados à Universidade de Pernambuco (UPE), o instituto tem como atividade principal a assessoria em gestão empresarial e capacitação.
A dispensa foi autorizada pelo então secretário de Turismo, Romeu Neves Baptista, em 21 de outubro, mas só foi tornada pública em 7 de dezembro.
Na campanha eleitoral, João Paulo manteve reunião com os empresários de turismo e o controle e a prevenção dos ataques de tubarão no Recife foi um dos dez pleitos apresentados ao candidato.
A reunião ocorreu em 27 de maio, no Hotel Manibu, pertencente ao hoteleiro Danilo Pedrosa, então coordenador do Recife Convention & Bureau.
O consultor Elder Lins Teixeira, associado ao instituto e responsável pelo estudo, disse que o trabalho era voltado para o turismo. “Não vamos competir com o pesquisador Fábio Hazin, da Universidade Federal Rural.
Vamos verificar como destinos tur?sticos como Austrália, ??frica e Flórida, nos Estados Unidos, não são comprometidos pelos ataques de tubarões", declarou, antes de cair em contradição.
Apesar de a PCR ter dispensado a licitação sob a alegação de notória especialização, o instituto informou que vai subcontratar o biólogo e pesquisador. "É um assunto novo para a gente.
Não se conhece.
Vamos ter que pedir ajudar a algum especialista ou até mesmo ao pessoal de Hazin.
Possivelmente, será ele.
Eles têm vivência internacional e podem indicar os problemas que conhecem", explicou, citando que o estudo encomendado pela PCR deverá ser entregue até o fim de janeiro ou in?cio de fevereiro.
Sobre o custo do trabalho, o consultor disse que era elevado, pois haveria o estudo de casos no exterior. "Várias pessoas devem viajar.
Na Flórida, por exemplo, deve haver um trabalho espec?fico para não atrapalhar o turismo.
As planilhas foram apresentadas para a PCR", afirmou.
O coordenador do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), Fábio Hazin, disse (na época) que, desde maio, quando o comitê foi criado pelo Governo do Estado, a ajuda da PCR tem sido dada em forma de panfletos distribu?dos nas praias, alertando para os riscos de ataques. "O financiamento de estudos e pesquisas, eu desconheço.
Aliás, duvido que seja.
Deve ser algo ligado à ação de educação ambiental, como distribuição de panfletos", declarou, citando que a PCR estudava usar a Guarda Municipal na fiscalização das praias.
Hazin representa a Universidade Federal Rural no comitê, integrado pelo Corpo de Bombeiros, IML e o Instituto Oceanário, entidade de apoio à pesquisa e ensino do Departamento de Pesca da UFRPE.???.
O JC também informou, na época, que a empresa de consultoria faturou R$ 3,2 milhões desde o in?cio da gestão João Paulo, em 2001, de acordo com extratos oficiais publicados no Diário Oficial do Munic?pio.
Os principais contratos, sempre com dispensa de licitação, são referentes a estudos na área de turismo.
A empresa foi contratada ainda em 2001 para apresentar um plano diretor para a área de turismo. "O estudo dos ataques é um complemento do Plano Diretor, que apontou como referencial da cidade as águas, como o Rio Capibaribe e a Praia de Boa Viagem.
Este problema limita o produto Recife", diz o consultor Elder Lins Teixeira.
PS: uma coisa pelo menos é certa: os tubarões de Noronha são quietinhos, não precisando de estudos caros.
Pelo menos até aqui.