Aqui vai mais uma contribuição do Blog do JC para o novo dirigente da Secretaria de Defesa Social (SDS), o delegado da Pol?cia Federal Romero Lucena de Meneses.

Desta vez, mostramos trechos do depoimento do delegado César Urach, à CPI do Narcotráfico.

A matéria foi publicada no JC no dia 08 de abril de 2001.

Leia também o que o Blog publicou mais cedo sobre o tema (veja na seção Artigos, ao lado). “É melhor fazer bico do que roubar” No dia 16 de maio de 2000, o delegado César Urach prestou esclarecimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico e Pistolagem.

Na sessão da CPI, Urach confessou ter realizado funções paralelas às atividades policiais, trabalhando para a Pankare, empresa que faz investigação de roubo de cargas.

Abaixo, a reprodução de parte desse depoimento.

CPI - Onde o sr. trabalha?

URACH - Na Pankare.

CPI - Qual o seu trabalho na Pankare?

URACH - Nós começamos a fazer um acompanhamento e uma orientação de como seria a melhor forma de combater o roubo de cargas.

CPI - Por que o senhor foi convidado para trabalhar na empresa?

URACH - Quando nós fomos chamados para a Pankare, nossa intenção era ter um delegado de pol?cia lá, assim como tem vários coronéis por lá.

Eles (a empresa) estavam detectando problemas nos inquéritos da pol?cia.

Tinham dificuldades em combater as quadrilhas.

A nossa missão era coordenar os agentes para que eles pudessem aplicar melhor as técnicas com a pol?cia.

Eu fazia um intercâmbio para abrir as portas.

CPI - O senhor estava como delegado e prestando serviço à Pankare, eu não entendo?

URACH - Não.

Eu estava à disposição.

CPI - Estava à disposição de quem?

URACH - Não, eu não estava à disposição.

CPI - Mas o senhor disse que estava.

URACH - Eu fazia um trabalho de orientação.

Como hoje.

Se tiver problema, mesmo eu na delegacia, eles ligam para mim.

CPI - O senhor disse que estava na Nasa.

A única Nasa que eu conheço fica na Flórida, nos Estados Unidos.

URACH - Eu estava sem nenhuma delegacia.

Busquei uma atividade paralela.

Um bico.

Não sou contra bico de policial. É melhor fazer bico do que estar roubando.

CPI - O senhor então é funcionário da Pankare?

URACH - Não.

Eu só presto orientação e oriento o trabalho.

O meu filho tem uma empresa (Piscar) que tem o contrato com a Pankare.

CPI - O senhor então exerce as duas funções?

URACH - É.

CPI - Quanto o senhor recebia para fazer esse trabalho?

URACH - R$ 6 mil por mês.

E sempre tinha um por fora quando recuperava cargas.

Tinha vez que recuperava cargas de R$ 200 mil a R$ 300 mil e ganhava um incentivo.

CPI - E o senhor recuperava mais cargas para a pol?cia ou para a empresa?

URACH - Para a empresa.

Na pol?cia não tem condições de trabalhar.

Falta uma memória e competência para atuar. ———————– Leia mais: No dia 14 de novembro de 2003, o Jornal do Commercio publicou a seguinte matéria: MP move ação contra delegado Delegado de Repressão ao Roubo de Carga, César Kreyci Urach, está sendo investigado por prestar serviços de segurança particular para empresas privadas O Ministério Público de Pernambuco entrou com uma ação civil pública contra o delegado de Repressão ao Roubo de Carga, César Kreyci Urach.

Ele está sendo investigado por prestar serviços de segurança particular para empresas privadas.

O procedimento partiu do depoimento do delegado César Urach à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico e da Pistolagem, no dia 16 de maio de 2000.

Durante a sessão, o delegado César Urach confessou ter realizado funções paralelas às atividades policiais.

A ação está sendo desenvolvida através da promotoria de Defesa do Patrimônio Público da Capital.

De acordo com a Lei 6.425/72, a participação de qualquer policial em outra atividade pública ou privada, com fins lucrativos, é considerada ilegal.

Veja a matéria completa aqui (seção Artigos, ao lado).